Homens chefiam 87, 3% dos estabelecimentos rurais em Passo Fundo

Estudo do departamento de Economia do Estado apontou desigualdade de gênero nas atividades ligadas ao campo

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 Pesquisa cruzou dados disponibilizados nos últimos 4 anos. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil) Pesquisa cruzou dados disponibilizados nos últimos 4 anos. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
Pesquisa cruzou dados disponibilizados nos últimos 4 anos. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
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Homens, brancos e com idade superior a 55 anos chefiam 87,3% das propriedades rurais em Passo Fundo, segundo um estudo do Departamento de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul, divulgado na sexta-feira (12).

O perfil dos gaúchos ocupados com afazeres rurais apontou uma desigualdade de gênero nos trabalhos ligados ao campo em todo o Estado. Refletido, também, no município, dos 909 estabelecimentos mapeados pelo Censo Agropecuário, apenas 102 tinham a figura da mulher como provedora do lar.

Conforme mostra o detalhamento censitário, elaborado com base nas estatísticas reunidas nos últimos quatro anos, a maioria destas famílias é produtora individual que se dedica ao plantio de lavouras temporárias e pastagens em propriedades que abrigam matas ou florestas destinadas à preservação permanente ou com trechos de reserva legal, totalizando 1.764 hectares de florestas cultivadas e 8.864 hectares destinados à manutenção das reservas naturais. Entre os agricultores passo-fundenses, o ensino primário predomina no nível de escolaridade, enquanto 125 cursaram o ensino superior e voltaram a residir nas propriedades rurais.

O material foi produzido pelas pesquisadoras Daiane Menezes e Mariana Lisboa Pessôa e pelo pesquisador Henrique Souza da Silva a partir de parceria com a Emater e com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) com a utilização de dados do Censo Agropecuário, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Cadastro Único (CadÚnico), da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O percentual elevado de brancos na agricultura familiar gaúcha, esclareceu a pesquisadora Mariana Lisboa Pessoa, em material anexo ao documento contendo os resultados, é reflexo tanto de sua estrutura racial tanto pelo fato de que a maioria dos estabelecimentos vinculados à agricultura familiar está localizada em municípios com predominância de colonização por imigrantes de origem europeia, como italianos, alemães e poloneses.

Renda

O estudo elaborado pela DEE menciona, ainda, que há uma menor concentração de pobreza entre os ocupados nas atividades agrícolas do que entre o total do Rio Grande do Sul. Isso significa que menos pessoas ganham menos do que um salário mínimo por mês em relação ao total da população. “No entanto, também há uma menor concentração de pessoas em famílias com renda per capita maior do que cinco salários mínimos na comparação com a totalidade”, ressalta a pesquisa.

Saúde

Em relação à saúde, há uma “diferença significativa”, como pontua o estudo, entre homens e mulheres ocupados em setores ligados à agricultura que afirmam ter uma saúde muito boa. Enquanto para os primeiros o percentual é de 16%, para as mulheres é de 5,4%. Quando é considerado o total de mulheres ocupadas, o percentual chega a 16,8%.

No tema saúde mental, quando questionadas sobre depressão, as mulheres com a ocupação ligada ao campo foram as que mais responderam que se sentem assim "mais da metade dos dias", enquanto essa alternativa não foi citada pelos homens com o mesmo tipo de profissão.

Esse percentual das agricultoras ficou acima do verificado no total de mulheres ocupadas, em que 6,7% disseram se sentir deprimidas mais da metade dos dias. “Os dados do relatório técnico demonstram a importância de ações que incentivem o empreendedorismo rural e o acesso ao crédito por parte dessas mulheres, além de chamar a atenção para a necessidade de um cuidado especial com saúde mental daquelas que têm ocupações ligadas à agricultura”, destacou a pesquisadora Daiane Menezes nos anexos do relatório técnico.

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