O predomínio do sol forte e temperaturas elevadas, condição que vem se acentuando desde a segunda quinzena de outubro, levaram os produtores rurais a registrar perdas nas lavouras em nove regiões gaúchas, entre elas Passo Fundo, segundo estimativa inicial do escritório da Emater/RS-Ascar.
Ainda que seja “muito precoce” para caracterizar uma estiagem, conforme mencionou o gerente regional da entidade, Dartanhã Vecchi, o cultivo do milho costuma ser o mais prejudicado pelos meses de calor intenso no verão, apesar de haver alguns registros nos campos de soja. “Durante esses períodos críticos, a Emater segue com o trabalho nas propriedades e extensão rural para dar suporte aos agricultores. Os municípios acabam solicitando os laudos para quantificar e qualificar os prejuízos”, explicou.
Nas propriedades rurais que não dispõem de irrigação, os agricultores seguem acumulando danos à plantação, ainda a serem calculados, devido à falta de chuvas em Passo Fundo, Ijuí, Santa Rosa, Erechim, Frederico Westphalen, Pelotas, Porto Alegre, Soledade e Santa Maria. “Atualmente, nós temos 13% da área irrigada no Rio Grande do Sul com outros trabalhos relacionados a melhorar a tecnologia”, frisou o gerente regional.
Com 95% da soja plantada na região, cujas atividades foram mantidas pelos produtores mesmo com o solo seco, ainda não são observadas perdas significativas embora “haja germinação desuniforme e plantas irregulares”, de acordo com o último informe conjuntural divulgado na segunda semana de dezembro. As condições do tempo, contudo, têm acelerado o ciclo da cultura do milho, mencionado por Vecchi, e em 7% dos cultivos já ocorre a maturação.
Perda da produtividade
Em Passo Fundo e Santa Rosa, diz a Emater, algumas lavouras apresentam perda da produtividade inicialmente projetada superior a 70% e 80%, respectivamente. “Os efeitos dos danos provocados pela estiagem variam nas perdas que incidem sobre a cultura, como redução do tamanho das espigas, redução do número e no tamanho dos grãos, na emissão de espigas, inviabilização do pólen e morte de plantas”, explicam os técnicos da entidade.
Alguns produtores, detalha o boletim, já encaminharam pedido de seguro rural aos agentes financeiros, cuja liberação autoriza as equipes técnicas da Emater/RS-Ascar para vistorias e recomendar a liberação de lavouras para o corte e ensilagem da massa verde para obter alimento para o plantel de bovinos de leite e de corte.
Com o ingresso na estação mais quente do ano e diante da ausência de chuvas volumosas, os subprefeitos das zonas rurais de Passo Fundo já iniciaram o trabalho de levantamento das condições de cada família residente no interior. “Tivemos alguns casos onde precisamos levar água para o uso de animais na região de São Roque e São Miguel”, mencionou o secretário municipal de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Cristiam Thans.
Paralelo ao abastecimento para consumo animal, destacou o titular da pasta, o Poder Público Municipal formou um grupo de trabalho com a Corsan para monitorar uma possível necessidade de decretar situação de emergência ou de calamidade. “Por enquanto, ainda não temos essas informações e necessidade”, ponderou Thans.