Soja tem problemas na germinação e crescimento da cultura

Chuvas esparsas não foram suficientes para acabar com a estiagem

Por
· 3 min de leitura
Soja se encaminha para o estágio de floração sem chuvas suficientes para o desenvolvimento da cultura. (Foto: Luciano Breitkreitz/ON)Soja se encaminha para o estágio de floração sem chuvas suficientes para o desenvolvimento da cultura. (Foto: Luciano Breitkreitz/ON)
Soja se encaminha para o estágio de floração sem chuvas suficientes para o desenvolvimento da cultura. (Foto: Luciano Breitkreitz/ON)
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

O Rio Grande do Sul contabilizou, até o dia 30 de dezembro, 138,8 mil propriedades rurais atingidas pela estiagem em 6.340 localidades e mais de 5 mil famílias sem acesso à água, segundo a Emater/RS-Ascar. A chuva, que vem sendo esparsa e não generalizada em várias regiões do estado, tem ajudado aos beneficiados pelas precipitações, mas não o suficiente para cessar o ciclo da estiagem. O milho já tem as suas perdas consolidadas, enquanto a soja enfrenta problemas na germinação e no crescimento, sinalizando perdas entre 25 e 30% nas lavouras.

 

Conforme a Defesa Civil, até o dia 30 de dezembro, dos 110 municípios que relataram efeitos da estiagem, 96 publicaram decretos de situação de emergência, mas apenas 15 encaminharam documentações completas para que o governo do Estado homologue a medida em nível estadual. No Rio Grande do Sul, atualmente 11 municípios têm situação de emergência em razão da estiagem reconhecida pela União.

 

Perdas consolidadas na cultura do milho

 

O milho já está com o seu ciclo encerrado e as perdas contabilizadas, variando de 60 a 80% e até a perda total da área em algumas lavouras. As precipitações nesse estágio final já não têm muita ação sobre a cultura, onde em muitas áreas os produtores já a colheram para a realização da silagem. Mas segundo a explicação da Emater/RS-Ascar Passo Fundo, “a silagem com esse milho acaba sendo de baixa qualidade porque quase não temos grão e o grão é o que determina a qualidade, onde tem a proteína”. Nesse sentido, pela estiagem, uma grande quebra na alimentação dos animais vem acontecendo, somado ao não-desenvolvimento das pastagens.

 

 

Desenvolvimento da cultura da soja

 

De acordo com a Emater/RS-Ascar Passo Fundo, para que a situação seja razoavelmente melhorada e seja alcançado um ponto de estabilidade no desenvolvimento da cultura da soja, são necessárias chuvas de forma generalizada e com um maior volume, totalizando entre 60 a 70 mm. “Precisamos que comece a chover para garantir uma boa produção de soja e ainda recuperarmos um pouco, senão teremos uma quebra muito grande”, explicou a Emater. Os problemas enfrentados pelos produtores com a soja são, principalmente, na germinação e no crescimento, já que não ocorreram chuvas para o desenvolvimento da cultura, que logo chegará no estágio de floração. Na região de Passo Fundo, cerca de 95% das áreas foram plantadas e muitos dos produtores, pela espera de um cenário mais favorável para o plantio, tiveram que arriscar e fazer o cultivo no final de dezembro, com uma mínima presença de umidade nas terras. “Agora já estamos fora do período de zoneamento e janeiro já não é mais o mês adequado para o plantio da soja”, pontuou a Emater/RS-Ascar Passo Fundo.

 

Período de zoneamento agrícola da soja

 

Os pedidos de revisão do Zoneamento Agrícola de Risco Climático da soja no Rio Grande do Sul e a consequente prorrogação da data-limite para semeadura da soja vem sendo negados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). De acordo com o diretor de Gestão de Riscos do Ministério, Pedro Loyola, isso está acontecendo porque a portaria que define o zoneamento agrícola para esta cultura, publicada em maio de 2021, é feita com base em estudos extensivos da Embrapa, norteando a contratação dos seguros rurais. “Não é que o ministério esteja insensível com relação à situação dos Estados, mas não se pode mudar um documento de maio e que tem repercussões em tantos contratos”, justificou.

 

Proagro

 

A preocupação com relação ao período de zoneamento é em virtude da estiagem que fará com que muitos agricultores plantem em datas posteriores ao encerramento do zoneamento, aguardando o retorno das chuvas. Isso gera o risco dos produtores ficarem de fora do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária, o Proagro. O Rio Grande do Sul é o Estado com o maior número de contratos pelo Proagro, respondendo por 45% do total. De acordo com a titular da a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Silvana Covatti, muitas entidades já têm solicitado renegociação e parcelamentos dos custeios e investimentos do crédito rural, situação que precisa de análise dos agentes financeiros.

Gostou? Compartilhe