As chuvas atingiram o Rio Grande do Sul de maneira tímida na última semana, trazendo de volta temperaturas amenas, na faixa dos 25ºC. As precipitações que variaram de 30 a 80 mm em toda região de Passo Fundo, mesmo que bem-vindas, não são capazes de reverter o cenário de muitas culturas, como a do milho, que tem suas perdas consolidadas, e a soja, que em lavouras cultivadas precocemente já passaram da fase de enchimento de grão. Segundo o Supervisor Regional da Emater/RS - ASCAR, Oriberto Adami, as perdas no milho chegam a 65%, enquanto a soja, tem 50% de quebra em algumas propriedades.
Perdas irreversíveis
As chuvas, infelizmente, não tem mais ação sobre o milho. A cultura, que se encontra em encerramento de ciclo, sendo colhida em algumas propriedades ou em fase de maturação, registra grandes perdas na região, visto que o período mais crítico da estiagem foi durante as fases de floração e enchimento de grão da planta. “Calculamos que terá uma perda de 65%, comparando com a média regional que nos últimos anos tem fechado em 140 sacas por hectare”, esclarece Oriberto. Até o momento, tem se observado que os produtores vêm colhendo uma média de 40 a 50 sacas por hectare, com áreas que registram a perda total. Da área total colhida até o momento, contabiliza-se perdas de 20%, mas como explica Oriberto, essas lavouras foram plantadas mais cedo e encontram-se em melhor situação. A partir de agora, as cultivadas tardiamente passam a ser colhidas e farão as médias caírem.
Queda nas médias
De acordo com o Supervisor Regional da Emater/RS - ASCAR, a região de Passo Fundo colhe, em média, 60 sacas por hectare. Analisando toda região, a Emater aponta para esta safra perdas de no mínimo 45%, mesmo que as chuvas retornem regularmente. “Normalmente, nós colhemos 60 sacas por hectare, em média. E hoje, estamos com uma média de colheita de 25 a 30 sacas por hectare”, explica.
Perdas consolidadas na soja precoce
Nesse sentido, a soja plantada no cedo encontra-se em cenário semelhante ao do milho. Representando cerca de 40% da soja cultivada na região, a chuva não provoca alterações no estado da planta cultivada precocemente porque ela já passou pela fase de enchimento de grão e se encaminha para a maturação fisiológica. Para essas áreas, estimam-se perdas de quase 50%. “Estamos muito preocupados que dê de 15 a 20 sacas por hectare em muitas áreas. Em algumas amostragens que fizemos, tem lavouras de 12, 15, 16. Já é uma perda muito significativa sendo quase 60%”, pontuou Oriberto Adami. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo Fundo, Marinês Scapini Penz, conta que “as pessoas nos mandaram fotos, áudios, vídeos, de lavouras totalmente perdidas, em que a soja estava morrendo e não vai se recuperar de forma alguma”.
Recuperação da soja plantada no tarde
Para as lavouras que foram cultivadas mais tarde, as precipitações amenizaram as perdas. Nessas áreas, se calcula uma colheita em torno de 30 a 35 sacas por hectare, caso as chuvas voltem a ser regulares no mês de fevereiro, com no mínimo uma por semana. “Se não chover, iremos colher igual as lavouras do cedo”, constatou o supervisor, acrescentando que as chuvas registradas devem se repetir dentro de quatro a cinco dias para ser alcançado um estágio de normalidade. Isolada, o cenário volta ao inicial, visto que a perda de umidade é muito alta devido ao calor.
Colheita
A colheita da soja plantada no cedo inicia em cerca de 20 dias, mas o período em que a maioria dos produtores começa a colher é a partir da segunda quinzena de março, entrando no mês de abril.
Produção leiteira
Outro segmento do agronegócio a ser afetado pela estiagem em um cenário que as chuvas não provocaram grandes alterações foi o da produção leiteira. Marinês Scapini ressalta que grande parte das pastagens foram perdidas e não há pasto verde para o gado, além de que a silagem produzida com o milho dessa safra, não tem tanta qualidade, o que influencia na produtividade e na saúde dos animais já que ela quase não possui grão e proteína. “Não tem pastagem. Terminou e com os produtores que conversei, alguns tem uma silagem guardada, outros não tem nada e fica muito caro você adquirir a silagem ou o milho para produzir”, explicou, acrescentando que o custo de produção elevou, o que faz com que os produtores sigam mantendo a situação até que o inverno e o período de plantio da pastagem chegue.