Um dos lançamentos da Embrapa Trigo na Expodireto Cotrijal 2022 é o trigo de pastejo, o BRS Tarumaxi, uma solução ofertada aos produtores para amenizar as perdas sentidas pela estiagem na soja e no milho e obter um aproveitamento e rentabilidade maior da safra de inverno. A nova cultivar também nasce em um cenário onde existe uma escassez de oferta de forragem com a entrada do outono e o trigo, comumente utilizado para a colheita e venda do grão, se torna uma alternativa de alta qualidade para a alimentação do gado leiteiro e de abate.
Solução Imediata
As adversidades sentidas pela pecuária devido a escassez de alimento para os animais em virtude da seca que prejudicou o desenvolvimento das pastagens e a produção de uma silagem de qualidade, fez com que os estoques dos produtores fossem zerados. O cenário crítico, onde são sentidas as consequências da estiagem, se junta a um período chamado de vazio forrageiro outonal, onde as plantas forrageiras, que servem de alimento para os animais, estarão em falta. Isso acontece porque as pastagens de verão, que resistiram à seca, agora se aproximam do final de seu ciclo e os campos nativos irão começar a sofrer com as temperaturas mais baixas.
Diferenciais do trigo de pastejo
Nesse sentido, o trigo se torna uma alternativa para a produção de forragem e uma solução imediata que já pode ser utilizada pelos produtores após a safra de verão. A nova cultivar desenvolvida pela Embrapa Trigo chega com características distintas do trigo que é utilizado apenas para a produção de grãos, sendo uma planta mais rasteira. Entre as vantagens apresentadas pelo melhorista e responsável pela pesquisa do trigo de pastejo, Ricardo Lima de Castro, estão a maior resistência e tolerância ao pisoteio dos animais, a resistência maior às doenças com a diminuição do uso de inseticidas e fungicidas, o que evita resíduos no leite e na carne posteriormente, além de sua alta capacidade de rebrote, aliada a sua adaptação para um período mais longo de pastejo, com o animal se alimentando daquela mesma pastagem por mais tempo.
Em uma das propriedades que recebeu o trigo de pastejo foram registrados 16 ciclos de pastejo, ou seja, o animal foi colocado na pastagem, retirou uma parte folhar do trigo e depois de um tempo esse trigo voltou a crescer e se desenvolver, possibilitando o retorno da vaca ou boi àquela pastagem. “É uma quantidade muito boa, porque às vezes só se consegue quatro ou cinco vezes. Então 16 vezes o animal foi lá, comeu e deixou uma resteva de 5 a 10 cm e isso rebrotou”, esclareceu a bolsista CNPq da Embrapa Trigo, Gabriela Cenedeze. Assim, com esse ciclo mais tardio, o produtor pode após colher a soja, já realizar o seu plantio, o que diminui também a perda de solo por erosão porque ele vai estar coberto e não sofrerá tanto com as chuvas.
Isso se soma a uma resistência a baixas temperaturas que quando atingidas por geadas em sua fase vegetativa, não terão seu desenvolvimento afetado, e a resistência ao crestamento, uma reação que a planta sofre em solo que tem o PH mais baixo. “Esse conjunto todo possibilita uma oferta de forragem maior, de boa qualidade”, explicou Ricardo de Castro, dando destaque a alta produtividade. Essa pastagem pode produzir cerca de 10 toneladas de massa seca por hectare. Cada tonelada, pode resultar em um litro ou quilo de leite, o que totaliza a produção de cerca de 10 mil litros ou quilos de leite por hectare. Já para a carne, seriam cerca de 1000 kg de carne por hectare. “No mesmo ambiente, temos uma performance superior”, apontou.