No pequeno espaço aberto, protegido por árvores, na Expodireto Cotrijal, é a arquitetura em miniatura que chama a atenção de quem passa por um dos muitos corredores da feira que se encerra nesta sexta-feira (11).
As construções manuais, cujas formas em madeira reproduzem moradias humanas com janelas, portas e até pequenas escadas que dão acesso aos andares superiores, recebem os pequeninos moradores em curtos intervalos de tempo que encontram alimento colocado estrategicamente para chamar a atenção das abelhas sem ferrão que quase congestionam o espaço aéreo em torno das casinhas para ter acesso. “Elas produzem menos mel, mas são de excelente qualidade. Já estão adaptadas ao nosso clima e às nossas flores”, comenta o apicultor Urbano Osmar Cosul.
Aos 58 anos, o morador de Tapera dedicou 40 deles para a criação e conservação dos insetos fundamentais para a polinização das plantas. Os últimos cinco deles, conta, foram voltados à meliponicultura. “É um hobby e um passatempo até para fazer amizades. As abelhinhas também têm a sua maneira de se comunicar”, diz Urbano entre risos. O cuidado com elas é traduzido nas diferentes formas de abrigo para que o mel seja feito.
Seja em formatos menores, arquitetônicos e até com um desenho de colmeia, o apicultor dedica o seu tempo para enlaçar a preservação de mais de 15 espécies nativas do Rio Grande do Sul com a comercialização do produto natural. “A criação tem todo um padrão a ser seguido, principalmente no tamanho interno e na espessura da madeira. A da Jataí é de 18 a 20 cm interno. Cada enxame tem uma dimensão”, explica.
Entre os maiores produtores
Assim como Urbano, na América do Sul, estima-se 100 mil criadores de abelhas nativas sem ferrão com destaque para o Brasil que tem 350 espécies catalogadas, segundo a Emater-RS/Ascar. Mandaçaia, Moça-branca, Mangangá, Canudo, Mané- de- Abreu, Tubiba, Irapuá, Tataíra, Jandaíra, Cupira, Enxú, Capuchú, Jataí, Enxuí, Uruçu são algumas destas espécies vivendo em território nacional.
Sendo a primavera a estação mais generosa com as abelhas, em razão do florescimento das plantas, o último relatório da Emater, publicado em setembro de 2021, estima que o estado gaúcho produz cerca de 11 mil toneladas de mel anualmente, se afirmando, assim, entre os maiores produtores do país. “Diferentemente do que ocorre com a apicultura, no caso da meliponicultura existe no Brasil um vazio legal, especialmente na parte sanitária. Além disso, também há falta de investimento em tecnologia para aprimorar os processos de extração dos meliprodutos, tornando-os mais atraentes aos consumidores”, considera a entidade.