Região de Passo Fundo alcança 35% das áreas de soja colhidas

Médias produtivas variam de 15 a 30 sacas por hectares com quebras de mais de 50%

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Soja se encontra em fase de maturação fisiológica e deve ser colhida nos próximos 10 a 15 dias. (Foto: Isabel Gewehr)Soja se encontra em fase de maturação fisiológica e deve ser colhida nos próximos 10 a 15 dias. (Foto: Isabel Gewehr)
Soja se encontra em fase de maturação fisiológica e deve ser colhida nos próximos 10 a 15 dias. (Foto: Isabel Gewehr)
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Depois de um final de março e início de abril marcados por chuvas constantes e intensas na região de Passo Fundo, o sol retornou e possibilitou a continuação da colheita da soja. Até terça-feira (19), cerca de 35% das áreas cultivadas haviam sido colhidas, alcançando médias produtivas de 15 sacas por hectares e 600kg/ha, contabilizando quebras de até 75% nos grãos plantados precocemente.

 

Soja plantada no cedo

A estiagem que atingiu a região sul no verão 2021/2022 deixou rastros marcantes na região administrativa da Emater/RS - ASCAR de Passo Fundo, com agricultores sentindo agora, durante a colheita, os verdadeiros efeitos da falta de água no desenvolvimento da soja. Segundo o Supervisor Regional da Emater/RS - ASCAR, Oriberto Adami, as cultivares plantadas no cedo foram as que mais enfrentaram dificuldades. “Estamos tendo uma média de 15 sacas por hectare. Temos propriedades colhendo de 8 a 20, demonstrando que as do cedo foram as mais prejudicadas pela estiagem”, explicou.

 

Plantas tardias

Timidamente, iniciam as colheitas das cultivares plantadas tardiamente na região. Cultivada em dezembro sobre as restevas de trigo, manejo utilizado para a melhora da produtividade da soja, a soja pôde se beneficiar do retorno das chuvas em fevereiro e março, quando se encontravam em final de ciclo. “Houve uma melhora no potencial produtivo dessas plantas e temos áreas que estão colhendo de 45 a 50 sacas por hectare. Acreditamos que essa produtividade geral aumente para 30 sacas por hectare, cerca de 1800kg/ha”, esclareceu Oriberto.

Em municípios como Lagoa Vermelha, a chuva beneficiou de maneira mais significativa, visto que sempre fazem o plantio mais tardio, representando médias acima de 35 sacas por hectare. No entanto, como relembra Oriberto, isso ainda representa grandes quebras na produtividade, já que para a região de Passo Fundo a média histórica de colheita é de, em média, 60 sacas por hectare.

 

Final da colheita

Dentro de 10 a 15 dias, caso o tempo permaneça firme, as colheitas devem ser concluídas. A maioria das lavouras se encontra em processo de maturação fisiológica e nessa fase já não dependem mais da chuva para o seu desenvolvimento, sendo até prejudicial se as precipitações permanecerem por mais de uma semana.

 

Retorno das precipitações

Sem tréguas na água, Oriberto Adami pontua que a qualidade do grão é prejudicada, chegando ao ponto de apodrecê-lo. “Áreas que já vieram com problemas de estiagem, se persiste a chuva uma semana com a lavoura pronta para colher acarreta prejuízo na qualidade do grão”, explicou, ressaltando a importância de períodos de sol para que a qualidade do grão seja elevada. “Se tivermos dois ou três dias de chuva e o retorno do sol, não há prejuízo. O problema se torna 8 a 10 dias com chuva”, acrescentou.

Em Passo Fundo, o início de abril foi carregado de dias nublados e de chuva, atingindo em quatro dias 70% da média de precipitações para o mês. Com menos de duas semanas para o encerramento de abril, a média histórica de 138,8 mm, registrada na Estação Meteorológica da Embrapa Trigo, já foi alcançada, contabilizando 140,2 mm.


Previsão para os próximos dias

Segundo o analista do laboratório de meteorologia da Embrapa Trigo, Aldemir Pasinato, as previsões apontam o predomínio de sol até a quinta-feira (21), quando uma nova área de instabilidade vinda da Argentina e do Paraguai deve deixar o tempo nublado, com possibilidade de pancadas de chuva. O tempo instável se manifesta principalmente no período da tarde e da noite, permanecendo até a sexta-feira (22), totalizando a possibilidade de 10 a 15 mm de chuva.

 

Safra de inverno em perspectiva

Com os resultados da safra de verão se mostrando muito abaixo do normal para a região e não sendo suficientes para cobrir todos os custos de produção, o Supervisor Regional da Emater/RS - ASCAR, Oriberto Adami, destaca que está sendo sinalizado uma grande procura pela cultura do trigo e da aveia. Esse cenário significa um aumento da área de produção e uma alternativa de fonte de renda para cobrir os prejuízos provenientes da seca. Além das cultivares oferecerem uma importante cobertura de solo que auxiliará na próxima safra de verão.

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