Região de Passo Fundo alcança 50% das áreas de inverno semeadas

Após trégua nas chuvas, plantio do trigo e da aveia avança sem prejuízos aos produtores e cenário permanece positivo pela alta no preço dos grãos

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Após uma sequência de dias chuvosos e com nebulosidade, o retorno do tempo firme nas últimas duas semanas proporcionou a trégua necessária para o avanço do plantio das culturas de inverno. Na região de Passo Fundo, 50% das áreas já foram semeadas, incluindo o plantio do trigo, da aveia branca e da aveia preta. Apesar do atraso na implantação dos grãos, o cenário permanece favorável e sem prejuízos a curto prazo aos produtores, tendo em vista a alta do preço do trigo.


Plantio atrasado

O excesso de chuvas no final do outono e início de inverno, com mais de 10 dias de precipitações constantes, acabaram por retardar o plantio das culturas de inverno e causar prejuízos ao solo, com a erosão pontual em algumas lavouras que não tinham tanta cobertura de solo. Apesar de ainda estar dentro do período de plantio previsto pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), já nesta época, em anos anteriores, a região de Passo Fundo teria semeado 70 a 80% das áreas. “Se pode considerar um atraso, mas que pode não acarretar prejuízo na produtividade. O que pode é atrasar o plantio depois das culturas de verão, em algumas situações”, comenta o supervisor regional da Emater/RS - Ascar, Oriberto Adami.

Caso o tempo permaneça firme, a estimativa é que entre 10 e 15 dias todas as áreas estejam plantadas. “Esperamos um clima dentro da normalidade para os próximos meses, chovendo, mas sem excesso, porque, principalmente o trigo, é muito sensível pelas chuvas de primavera e que às vezes causam doenças”, esclarece Oriberto. Em final de ciclo, com a ocorrência de muitas chuvas, doenças de espiga como a giberela e de manchas nas folhas podem se desenvolver e prejudicar a qualidade do grão e consequentemente a produtividade.


Aumento de área na região de Passo Fundo

Vindo de uma safra recorde de trigo em 2021, a área cultivada neste inverno na região de Passo Fundo teve um aumento de cerca de 30%, chegando a 121 mil hectares. Junto disso, a aveia branca e preta, que formam com o trigo as três principais culturas comerciais e de produção de grãos do inverno, também tiveram crescimento de área. A aveia branca passou de 40 mil hectares na safra de 2021 para mais de 48 mil nesta, enquanto a aveia preta teve um salto para 45 mil hectares cultivados neste ano.

Isso demonstra que, de uma área total de 700 mil hectares agricultáveis, a região chegou a mais de 200 mil hectares cultivados, com um crescimento sustentável e crescente em função dos resultados das últimas safras. “O que define a próxima safra, é a safra que se colhe. Se for bem, vender bem, ter lucratividade, certamente isso dá uma sustentação para um aumento [de área]”, explica Oriberto, lembrando que, no entanto, sempre há um limite nesse aumento de área, dada a importância de se ter rotatividade de culturas nas lavouras.


Mercado favorável

Somado a perspectiva de uma safra rentável de inverno após a frustração de safra no último verão, o trigo tem mantido preços bons no mercado, acima de R$ 100 por saca, o que incentiva o investimento do produtor no grão. “O produtor decide aumentar a produção pela questão de preço e pela falta do produto no mercado, porque ele tem que ter a rentabilidade e os custos de produção estão muito mais altos”, avalia Oriberto, destacando que é importante que isso se sustente para o futuro, dado a qualidade do trigo brasileiro. “Anteriormente se importava buscando qualidade, hoje se tem produto com boa qualidade aqui no mercado interno”, disse.

Apesar do conflito entre a Ucrânia e a Rússia estar influenciando no preço do trigo, visto que são grandes produtores e exportadores do grão, o supervisor pondera que mesmo com uma trégua, o preço deva se sustentar devido a grande demanda por alimento. “O Brasil tem um mercado interno muito forte e é importante que se posicione no mapa de grandes produtores”, completou.

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