Região se encaminha para colheita de nova safra recorde

Com clima favorável, baixa incidência de doenças e aumento de 30% na área cultivada, trigo se torna aliado para a recuperação da safra de verão 2021/22

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Lavouras na região de Passo Fundo encontram-se em fase de floração e enchimento de grãos. (Foto: Marcela Buzatto)Lavouras na região de Passo Fundo encontram-se em fase de floração e enchimento de grãos. (Foto: Marcela Buzatto)
Lavouras na região de Passo Fundo encontram-se em fase de floração e enchimento de grãos. (Foto: Marcela Buzatto)
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Com a predominância de dias luminosos desde o início do plantio até a floração da planta, o trigo deve superar médias de 50 sacas por hectare na região de Passo Fundo e registrar pelo segundo ano consecutivo uma safra recorde. Sem excesso de chuvas, baixa ocorrência de doenças, preços favoráveis e o aumento de cerca de 30% na área cultivada, os 120 mil hectares semeados na região encontram-se em fase de maturação e enchimento de grãos, com perspectiva de início de colheita em novembro. 


Clima favorável à produtividade 

Após uma safra de verão carregada de frustração devido à seca, os agricultores de todo o Rio Grande do Sul investiram nas culturas de inverno, principalmente o trigo, em busca de recuperar a receita perdida. No Estado, esse cenário refletiu no aumento de cerca de 300 mil hectares da área cultivada, passando de 1,2 milhão para 1,5 milhão de hectares. 

Segundo o gerente comercial Sul da Biotrigo Genética, Tiago De Pauli, até o momento a safra de inverno, em geral, vem se mostrando positiva na maioria das regiões tritícolas e traz altas expectativas com relação a volume, liquidez e mercado, no que se trata da precificação. Esse cenário vem ao encontro de um inverno e início de primavera marcados por chuvas dentro da média e com sequências de dias de tempo bom. “A região de Passo Fundo não foi tão prejudicada pela questão das chuvaradas em excesso e isso permitiu que os agricultores conseguissem semear dentro da melhor janela, da melhor época para as principais cultivares de trigo”, esclareceu Tiago. 

Isso também colaborou para a baixa incidência de doenças, tanto as que afetam as folhas e, principalmente agora, as de espiga, como a giberela. “As chuvas excessivas agora nessa época seriam muito sensíveis para a ocorrência de doenças. Tem ocorrido problemas, mas o produtor tem conseguido fazer o tratamento e o clima estava seco nos últimos dias nesse momento de formação de grãos”, explicou o responsável pela área de culturas da Emater/RS - Ascar, Oriberto Adami, destacando que as doenças fúngicas afetam diretamente o volume de produção e a qualidade do grão. “A região Passo Fundo no sentido Missões já está passando da fase crítica, ou seja, nós vamos ter poucas perdas devido essas doenças”, completou Tiago De Pauli, lembrando que nesta reta final algumas geadas podem prejudicar o grão, no entanto, agora não há mais a probabilidade delas ocorrerem. 


Safra recorde 

Com um bom potencial produtivo, em uma média superior a 3 mil kg por hectare, no momento a cultura do trigo na região de Passo Fundo está metade em fase de floração e o restante em enchimento de grãos, nenhuma ainda em período de colheita em virtude do plantio mais tardio. Conforme observou Oriberto Adami, esta safra pode superar tanto em produtividade quanto em qualidade a safra de 2021. “Apesar de termos colhido bastante ano passado, tivemos muitos problemas de qualidade de grão. Mas esse ano promete ser uma safra boa, com qualidade superior, boa colheita e preço. Isso se torna indicativo e pode até fazer com que as áreas aumentem na próxima safra”, afirmou. 


Cenário mundial 

Até a tarde de segunda-feira (10), o preço do trigo estava em R$ 92,00, segundo as cotações da Cotrijal. Tal preço tem se sustentado e alcançado patamares acima dos R$ 100,00 devido aos efeitos do mercado mundial em nosso mercado interno, com a alta demanda do grão e a crise nas principais produtoras e exportadoras de trigo, a Ucrânia e a Rússia. 

Apesar do reflexo negativo com o aumento do preço dos fertilizantes para os agricultores, muitos deles já tinham produtos como fungicidas em casa, oriundos da safra de verão, além de terem intensificado a assistência técnica e ferramentas de manejo para o controle da doença. “Os agricultores têm trabalhado com um bom nível tecnológico. Até temos muitos produtores arrependidos de não terem investido mais porque o ano está propício para alcançarmos altíssimos potenciais produtivos com uma excelente qualidade”, ressaltou o gerente comercial Sul da Biotrigo Genética, Tiago De Pauli, completando que se o fator climático permanecer, com chuvas regulares e temperaturas mais frias a noite, a planta irá se munir para construir os componentes de rendimento necessários.

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