Índice de atraso na colheita das lavouras de trigo neste ano é o maior em cinco safras

Um dos fatores para essa demora se deve à semeadura mais tardia em sucessão às lavouras de verão, segundo a Emater/RS-Ascar

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Área cultivada supera 1,4 milhão de hectares no Estado. (Foto: Isabel Gewehr/Arquivo ON) Área cultivada supera 1,4 milhão de hectares no Estado. (Foto: Isabel Gewehr/Arquivo ON)
Área cultivada supera 1,4 milhão de hectares no Estado. (Foto: Isabel Gewehr/Arquivo ON)
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Apesar das expectativas positivas do setor produtivo, o índice de atraso na colheita das lavouras de trigo neste ano é o maior em cinco safras, segundo estima o último boletim conjuntural da Emater/RS-Ascar divulgado em 27 de outubro. 

Na reavaliação da safra de inverno, que indica uma área cultivada superior a 1,4 milhão de hectares com uma produtividade esperada de 3.210 quilos por hectare, a cultura está evoluindo para o encerramento do ciclo, com predomínio do estádio de maturação em 46% dos terrenos cultivados. A evolução lenta, que alcançou apenas 7% da área, representa um atraso em relação à média registrada nos últimos anos, que, nesta mesma época do ano, chegava a 41% colhidos. “Um dos fatores para essa demora se deve à semeadura mais tardia em sucessão às lavouras de verão, que foram ressemeadas após o período de estiagem do último verão, que, por sua vez, atrasou as colheitas”, avaliou a Emater. 

Outro fator, prossegue o documento produzido pelos técnicos da entidade, é a desuniformidade na maturação, que levou parte dos produtores a aplicarem herbicidas para uniformizá-la, e os produtos utilizados demandam um período de ação e de carência para a colheita. “As lavouras, de modo geral, permanecem com excelente potencial produtivo”, afirma o boletim. 

Na região, a colheita iniciou em pequena área, mas com pouca representatividade, diz a Emater considerando que a operação deverá acelerar nos próximos dias. “Em relação ao aspecto fitossanitário, aumentou a incidência de doenças fúngicas, em especial a giberela”, atestou a publicação. "As regiões de Ijuí, Missões e Passo Fundo são as que apresentam a maior produtividade. É que o La Niña empurrou o ciclo do verão e atrasou as culturas de inverno", explicou Neimar Peroni, da gerência de planejamento da Emater/RS-Ascar, através de um comunicado de imprensa. 

O diretor e coordenador da Comissão do Trigo e Culturas de Inverno da Farsul, Hamilton Guterres Jardim, acredita que a safra pode chegar a 5 milhões de toneladas, em uma área de 1,5 milhão de hectares. “As produtividades estão surpreendentes. O produtor investiu, viu nessa safra a oportunidade de recuperar as perdas passadas e está utilizando novas tecnologias em sementes. O trigo está sem falhas, sem micotoxinas. Estamos indo para a maior safra da história no Rio Grande do Sul", avaliou. 

Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Rio Grande do Sul, o valor médio apresentou acréscimo de 2,13% em relação à semana anterior, passando de R$ 94,00 para R$ 96,00. 


Culturas de verão 

Principal grão cultivado no verão, a safra de soja para o próximo ano deverá ultrapassar os 6,5 milhões de hectares no Estado com uma produtividade de 3.131 kg por hectare. 

Ainda em fase inicial de semeadura, a atenção dos agricultores está na finalização de regulagem das semeadoras, na continuidade do tratamento de sementes e na armazenagem de insumos nas propriedades. “Também foram realizadas práticas de manejo da palhada e dessecação pré-plantio”, afirmou a Emater. Segundo a pesquisa semanal de preços, o valor médio decresceu 0,92%, passando de R$ 173,48 para R$ 172,04 pela saca de 60 quilos. 

Já o plantio de milho prosseguiu de maneira mais lenta, de acordo com a entidade gaúcha, em razão de que a área destinada ao cultivo será implantada após as operações de colheita ou o plantio de outras culturas, como é o caso de trigo e soja. “Em parte do Estado, a ocorrência de chuvas volumosas tornou momentaneamente inapropriada a semeadura em função do alto teor de umidade nos solos”, analisou a Emater. 

Com isso, as lavouras implantadas alcançaram 73% da projeção e estão 99% em desenvolvimento vegetativo com 1% em iníco da fase de florescimento.


Geada fora de época 

Com termômetros chegando aos 4,4ºC na terça-feira (1), a quarta-feira de Finados amanheceu gelada e branca nas áreas mais baixas de Passo Fundo. Desde novembro de 1992, quando Passo Fundo registrou 3,5ºC, essa foi a temperatura mais baixa. De maneira localizada, a geada foi de fraca intensidade, sem registro de estragos significativos e em ampla escala nas lavouras. O trigo, em fase final de maturação, já não sofre tanto com o frio, enquanto o milho, recém semeado e em desenvolvimento, pode ter registrado “queimaduras” em baixadas. As coxilhas, partes mais altas, são as menos prejudicadas. No entanto, ainda são necessários cinco a sete dias para que seja avaliado a intensidade dos prejuízos da geada fora de época.

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