Milho tem quebra de 40% na região de Passo Fundo

Com chuvas irregulares, cultura da soja se encaminha para período crítico e registra 10% de perdas

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Estiagem 2021/22 resultou em perdas quase que totais nas lavouras de milho. (Foto: Arquivo/ON) Estiagem 2021/22 resultou em perdas quase que totais nas lavouras de milho. (Foto: Arquivo/ON)
Estiagem 2021/22 resultou em perdas quase que totais nas lavouras de milho. (Foto: Arquivo/ON)
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A caminho de mais um verão marcado pela seca, a região de Passo Fundo contabiliza mais de 40% de quebra nas lavouras de milho, enquanto a soja, implantada em 95% das lavouras, já registra perdas de 10%. Apesar dos impactos evidentes da falta de precipitações, a Emater/RS - Ascar estima que a estiagem deste ano deverá ser mais regionalizada e não generalizada como a do verão 2021/22.


Milho

Desde julho com chuvas abaixo da média em Passo Fundo, as esporádicas e irregulares precipitações têm causado preocupações, principalmente nos municípios localizados a Nordeste, como Cacique Doble, Machadinho e Maximiliano Ramos. 

Apesar disso, a fase crítica em que a água era necessária para o desenvolvimento do milho já passou e desse modo, mesmo com o retorno das chuvas, o quadro da cultura não tem possibilidade de ser revertido nas lavouras que se encaminham para a fase de enchimento de grãos. “Quando o milho está em floração e espigamento, é uma fase muito crítica que demanda muita necessidade de água. Para exemplificar, 5 mm de chuva seriam o consumo médio por hectare necessários por dia, ou seja, são 50 mil litros por hectare por dia”, esclarece o engenheiro agrônomo e responsável pela área de culturas da Emater/RS - Ascar, Oriberto Adami, destacando que esses volumes de chuva não foram registrados no crescimento da planta.

Nos municípios no entorno de Ciríaco, David Canabarro, Caseiros e Casca, considerada uma região Central, as chuvas ocorreram de forma mais significativa e as perdas são mais brandas se comparadas ao restante da região de Passo Fundo, em municípios próximos a Tapejara e Não-Me-Toque, onde as quebras ultrapassam os 40% e se aproximam dos 50%. “Estamos quase na mesma situação que o ano passado, a diferença é que em 2021 a estiagem foi generalizada e neste ano cerca de 60% da região está afetada, então se tornou mais regionalizada, localizada'', pontuou o agrônomo. “Ano passado, as cidades de Vila Maria, Casca e Marau foram muito afetadas e agora esse núcleo está bem melhor e mais recuperado”, acrescentou Oriberto. 

Com perdas já contabilizadas, a estimativa média de produtividade deve cair de 140 sc/h para cerca de 50 a 60 sc/h, indo de 12 mil kg/h para 7 mil kg/h, em uma área de cultivo de 75 mil hectares na região de Passo Fundo. 


Milho para silagem 

Acompanhado do milho comercial, o milho destinado à silagem e a alimentação bovina tem sido impactado. Em uma área de cultivo de 40 mil hectares, um alimento de baixa qualidade tem sido produzido devido a não formação do grão na espiga. “A silagem produzida em meio a uma estiagem sofre porque origina em algo muito volumoso, mas com baixa proteína, que não fornece o que os bovinos de leite necessitam”, explica Oriberto Adami. 


Soja

Em fase de desenvolvimento vegetativo, a escassez hídrica atrasou o plantio de grande parte das áreas cultivadas com a soja, que totaliza 620 mil hectares na região de Passo Fundo nesta safra. Ainda sem quebras significativas na cultura, a Emater/RS - Ascar estima que caso o regime de chuvas não se regularize nos próximos 15 dias, o cenário começará a ser insustentável, apresentando prejuízos e perdas diárias. Isso porque, sem água, a soja deverá entrar em uma fase de crescimento adiantado, florescendo e impactando a produtividade. 

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