Mesmo com pequena redução na área cultivada, a safra de inverno 2023 no Rio Grande do Sul deve superar as expectativas iniciais. “O Rio Grande do Sul tende a ter a segunda maior safra de trigo da história”, declarou o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera. Na tarde de quinta-feira, 15, a Emater/RS apresentou uma estimativa inicial para a safra de verão 2023. Os números são das culturas de inverno: aveia preta, aveia branca, canola, cevada e trigo. A presidente da Emater, Mara Helena Saafeld, demonstrou otimismo diante dos números do levantamento. A pesquisa abrange de 93 a 98% das áreas cultivadas. Ocorre que, mesmo com previsão de pequenas reduções, o comparativo é com 2022 quando a produção foi excepcional. Em todo estado a área plantada é de 1.973.903ha (1.987.905 em 2022). A produção, com base em análise de tendência, será de 5.625.889t (contra 6.452.33 no ano passado). A estimativa aponta para uma redução de 0,7% na área plantada e diminuição da produção de 12,81%.
Área e produção
A canola é a cultura que mais aumentou a área cultivada, pois foi de 56.786ha para 67.219ha. Já o trigo teve redução de área em comparativo com a safra anterior, caindo de 1.528.992ha para 1.505.704ha. A cevada também teve redução na área cultiva, caindo de 41.988 para 35.899ha. A cultura de canola terá aumento da produção de 108.642t para 109.677. A aveia também sofre pequenas reduções neste ano, tanto em área como em produção.
Produtividade
Calculada pela tendência, as produtividades iniciais tem por base as os valores apresentados pelas produtividades médias municipais, registradas ao longo dos últimos 10 anos. A produtividade da aveia branca ficará em 2.340kg/ha no Rio Grande do Sul. Em Passo Fundo ficará um pouco acima com 2.392 kg/ha. A canola tem estimativa de produtividade de 1.632 kg/ha no estado, enquanto em Passo Fundo diminui para 1.384. As lavouras de cevada devem atingir 3.144 kg/ha no Rio grande do Sul e 3.234 kg/ha em Passo Fundo. O trigo, apresentado pela Emater como a ‘cereja do bolo’ da safra de inverno, terá média estadual de 3.021 kg/ha. Em Passo Fundo a produtividade estimada dá um salto para 3.572 kg/ha.
A estiagem
As condições meteorológicas são determinantes para definir a produtividade por área e a produção final. Na apresentação da Emater, o meteorologista da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Flavio Varone, disse que as dificuldades hídricas que assolaram as lavouras até a semana passada estão chegando ao fim. A troca de influências muda temperaturas e índices pluviométrico para alterar as condições das lavouras. Isso ocorre pois saímos do período do fenômeno La Niña e estamos entrando no El Niño. Em abril houve chuvas irregulares na maior parte do estado e baixos volumes de chuva na maioria das regiões, o que agravou a condição da estiagem que predominou em todo o RS nos últimos meses.
Temperatura
As condições meteorológicas no trimestre junho, julho e agosto é determinante para as lavouras de inverno. “As temperaturas máximas deverão ficar próximos ou ligeiramente acima da média no mês de junho e inferiores à normalidade nos meses de julho e agosto. As mínimas deverão apresentar valores superiores ao padrão climatológico nos meses de junho e julho, e inferiores à média na maioria das regiões, no decorrer do mês de agosto”, explicou o meteorologista. Em relação às reservas hídricas, disse que as chuvas desses últimos dias ainda não foram suficientes para recuperar os níveis. “Mas vem mais chuva nos próximos dias e os níveis devem ser recuperados, sim”.
Chuvas
O El Niño será muito forte e isso significa altos volumes de chuva sobre o Rio Grande do Sul durante o segundo semestre. O meteorologista compara com as condições registradas “entre os anos de 2015 e 2016, com danos e prejuízos, cheias e inundações. Cabe salientar que a ocorrência desse El Niño, com chuvas abundantes nos próximos meses, poderá prejudicar o desenvolvimento da safra de inverno, especialmente no fim do ciclo e durante a colheita, além de possivelmente atrasar o início da safra de verão.” Diante da previsão de chuvas intensas e temperatura um pouco acima das médias, os técnicos da Emater alertam para a necessidade de cuidados nas lavouras. São as doenças fúngicas, que ganham condições para proliferar e, também, com a época da colheita, quando é necessário estar com o maquinário preparado para evitar contratempos e, consequentemente, perdas na hora de colher.