O uso de microrganismos na agricultura foi o tema que abriu as palestras do 1º Seminário Brasileiro de Agricultura Biológica, que acontece em Passo Fundo nesta quarta e quinta-feira, (16 e 17). Falando ao público presente, o pesquisador da Embrapa, Anderson Ferreira, ressaltou a importância que o uso de biológicos ganhou nos últimos anos. O palestrante comentou da oportunidade no desenvolvimento de novos produtos, uma vez que existe um grande número de microrganismos sendo estudados e prestes a serem lançados.
Biológicos industrializados foi o tema abordado pelo engenheiro de alimentos Márcio Mazzuti. De acordo com ele, este é um mercado em crescimento, sendo que existe uma projeção de que até 2025 este tipo de insumo suba dos atuais 3% para 15%. Apesar disso, ainda existem grandes desafios para a indústria, que precisa estar atenta para a correta produção dos biológicos.
O conceito da tecnologia biológica On Farm foi apresentado pelo doutor em engenharia agrícola, Ivan Werncke. O método, segundo o palestrante, consiste no cultivo de microrganismos para o controle de pragas e doenças dentro da propriedade. De acordo com Werncke, controle de qualidade é uma das palavras-chave na aplicação do On Farm, bem como a definição do microrganismo correto para cada tipo de problema.
Melhorias no solo
O olhar mais cuidadoso para as condições do solo foi o mote das palestras da tarde. Leandro Prado Wildner, engenheiro agrônomo e pesquisador, foi o primeiro palestrante e abordou as plantas de cobertura e sistemas de manejo. Segundo o pesquisador, a cobertura do solo, que ele chama de adubação verde, influencia direta e indiretamente o agroecossistema, possibilitando o controle da erosão, da temperatura, do aparecimento de plantas daninhas, da agregação, da porosidade e da infiltração. Por isso, defendeu o uso de plantas de cobertura como parte integrante dos manejos biológicos.
Neste contexto de cuidados com o solo, o engenheiro agrônomo e consultor agrícola, Pedro Escosteguy, levou ao público a discussão sobre a adubação orgânica. Conforme o pesquisador, a qualidade do solo é determinada pelas práticas de manejo, como é o caso da adubação. No caso da agricultura biológica, a adubação orgânica é uma das indicações. Os resultados, segundo o pesquisador, começam a aparecer a partir de três anos.
Outra alternativa apresentada foi o uso da remineralização do solo. O tema foi abordado pelo doutor em Geologia e pesquisador da Embrapa Serrados, Eder Martins. Ele ressaltou a possibilidade de utilização dos agrominerais regionais na agricultura, que auxiliam na nutrição do solo.
O engenheiro agrônomo Luiz Gustavo Mello foi o último palestrante da tarde. Falando sobre micronutrição, o palestrante lembrou que existe hoje um grande número de produtos biológicos disponíveis. De acordo com ele, o crescimento dessa oferta vem se dando desde o ano de 2010, o que leva a crer que o momento possa estar se aproximando de uma virada de chave, passando da predominância atual do uso dos químicos para os biológicos.
Compartilhar conhecimento
O Seminário de Agricultura Biológica segue amanhã, nos turnos da manhã e tarde, com palestras sobre comunidades de microrganismos, relatos de agricultores, tecnologias de aplicação de biológicos, macrobiológicos e drones na agricultura convencional e biológica.
O evento, de acordo com o idealizador e CEO da AgroRB Tecnologias, é um importante momento para entender e aprender sobre o assunto. “Nosso grande objetivo é compartilhar conhecimento sobre a agricultura biológica”, ressalta. De acordo com ele, em todos os momentos do Seminário a ideia é evoluir o debate sobre o tema e apresentar os benefícios do uso de biológicos no agronegócio.
Fotos: Divulgação/Sebiopf