Um inverno menos rigoroso, com o retorno do El Niño as temperaturas ficam mais quentes nos oceanos influenciando no clima de todo o mundo. Os agricultores da região de Passo Fundo observam que os picos de temperaturas vêm causando a frutificação antecipada, o que é preocupante, pois o período ainda é de inverno.
Segundo o agricultor familiar e presidente da Feira do Produtor da Gare, Mércio Tarcísio Michel, preocupa muito quando tem problema climático tanto de verão, quanto de inverno. “Nós temos agricultores que trabalham com cultura a céu aberto de hortaliças e isso vem prejudicando bastante a parte de geada e granizo. Quando a fruticultura, tiveram esse problema de frutificação desuniforme porque houve dias de frio mais intenso com chuva e depois chegou o calor em dois ou três dias, e isso fez com que as plantas respondessem a essa umidade e a esse calor que teve, frutificando em épocas diferentes, em vez de fazer tudo junto na primavera”, comenta.
Conforme o agricultor, dessa forma, o crescimento será desuniforme correndo o risco de prejuízo na produção. “Os dias de calor e umidade fizeram com que a planta entendesse que era primavera, por isso na mesma árvore temos a parte de frutas, flores e ainda bastantes brotos que estão para abrir. Então vai ser uma colheita e produção desuniforme. Caso ocorra geada, dependendo da intensidade, os frutos podem cair, prejudicando a colheita”, diz.
Planta são responsivas à temperatura
De acordo com a engenheira agrônoma da Emater de Passo Fundo, Joana Graciela Hanauer, as plantas são diretamente responsivas à temperatura. “Elas são bem dependentes, então quando ocorrem esses calores fora de época, acelera a floração nas frutíferas. Já as culturas de grãos o ciclo se mantém porque o plantio é diferente de culturas anuais que são perenes, como da produção de pêssego, ameixa, as videiras também, que acabam brotando antes”, pontua.
Segundo Joana, a brotação fora de época não teria problema se o frio não voltasse. “O problema é que o calor estimula a brotação, ocorre a floração e se dá frio novamente a ponto de dar geada acaba danificando as flores e frutos recém-formados”, afirma.
A Emater atende 42 municípios da região, sendo que muitos atuam com produção frutífera comercial. “Tem alguns municípios que a cultura frutífera é maior que outros, mas temos muito em Passo Fundo pomar doméstico, porque sempre tem um pouco de cultivo na propriedade pelo menos para o autoconsumo”.
Conforme Joana, para quem atua com fruticultura comercial há a possibilidade de fazer a irrigação por aspersão reduzindo os danos da estiagem. “Se tem previsão de geada, o certo seria fazer irrigação por aspersão, mas aí a pessoa precisa ter um sistema de irrigação no pomar porque é um tipo de tecnologia usado mais comercialmente, devido ao custo elevado. Utilizando essa irrigação, a árvore fica toda congelada, protegida pelo gelo e no momento que vai ocorrer o descongelamento dessa água, gera a mudança do estado gelo para o físico, aumentando em 1º grau a temperatura, que é suficiente para não danificar o tecido da planta, mantendo as plantinhas e brotações saudáveis”, explicou.