A colheita do milho está a todo vapor na região de Passo Fundo. A expectatia dos produtores é que até o final de fevereiro praticamente toda a área do grão cultivado na região já esteja colhido. Assim que esta etapa for encerrada, os produtores iniciam os trabalhos para a safra subsequente, em especial a soja, que é o carro-chefe da agricultura local.
El Niño afetou produtividade
Um levantamento feito pela Emater mostra que nos 42 municipios da região de Passo Fundo houve um comprometimento de produtividade, especialmente nas primeiras lavouras plantadas. Oriberto Antônio Adami, supervisor regional e responsável pela área de culturas da Emater, explica que 30% do grão já está colhido; 50% já pronto para colher, o que deve acontecer nos próximos dias; e 20% ainda na fase de enchimento de grãos. Ele diz que até o momento, os agricultures estão percebendo uma média de produtividade abaixo do esperado. A expectativa era colher 160 sacas por hectares, mas um levantamento preliminar regional, aponta que a média está em 140 sacas. Os fatores que influenciaram essa produtividade mais baixa estão ligados diretamente ao El Niño. O excesso de chuva fez com que as primeiras lavouras plantadas se desenvolvessem em um período mais nublado e com mais umidade. Isso facilitou o desenvolvimento de doenças na planta e nas espigas, além pragas, como a cigarrinha, que é extremamente prejudicial para a cultura. “Ainda não temos os dados fechados, mas neste momento é uma colheita aproximadamente inferior 15% em relação ao que estava sendo previsto”, disse ele.
No começo do plantio, muitos analistas projetavam uma supersafra em função do El Niño, que seria uma garantia de que não haveria uma estiagem neste período. Mas o que se viu foi um efeito contrário, o excesso de chuva prejudicou as primeiras lavouras plantadas.
Além de comprometer a produtividade e a qualidade, em alguns locais foram registradas erosões de solo, enchentes, e áreas de várzea que ficaram completamente alagadas. Isso acarreta uma elevação no custo de produção, visto que em alguns locais aconteceu um processo chamado de “lixiviação”, que é o nome dado ao processo de retirada dos nutrientes do solo pelo excesso de água, acarretando especialmente perda de nitrogênio.
Colheita
Oriberto diz que o milho mais prejudicado é aquele das primeiras lavouras. A expectativa é que os grãos colhidos a partir de agora tenham uma qualidade melhor, e uma maior produtividade. Nos meses de dezembro e janeiro, houve uma incidências menor de chuvas, e isso fez com que as lavouras plantadas mais tarde, tivessem um desenvolvimento melhor. “Acredita-se que os produtores colham mais milho e com melhor qualidade. Só então será possível fazer uma média geral de produtividade”, explica ele.
Assim que a colheita for encerrada, até o final do mês de fevereiro, será possível avaliar o quanto as chuvas prejudicaram a safra. Em geral o chamado “milho do cedo” representa 80% da área plantada, mas neste ano grande parte dos produtores acabaram atrasando o plantio pela fortes chuvas, e isso ameniza as perdas.
Área cultivada se mantém estável
A área cultivada de milho em grãos na região composta por 42 municípios da Emater é de aproximadamente 73 mil hectares, destinado para produção de grãos . Além disso, há outros 30 mil hectares destinado à silagem, que é o milho plantado para a alimentação do gado leiteiro, e que contribui significativamente para esse importante setor da economia regional.
A área de plantio não sofreu grandes alterações nos últimos anos, visto que é ligada especialmente ao chamado produtor tradicional. O milho produzido na região é distribuído para empresas locais, sendo transformado especialmente em ração para alimentação animal, e uma pequena parte para produção farinha.
Foto: Franz W/Divulgação