Clima adverso reduz em 21,4 milhões de toneladas a safra de grãos

Números são da última projeção 2023/2024 da Conab

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 Com alta de 34,5%, safra gaúcha está estimada em 37,1 milhões de toneladas Com alta de 34,5%, safra gaúcha está estimada em 37,1 milhões de toneladas
Com alta de 34,5%, safra gaúcha está estimada em 37,1 milhões de toneladas
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Em sua última projeção da safra 2023/2024, de setembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica uma produção estimada em 298,41 milhões de toneladas, uma redução de 21,4 milhões de toneladas em relação ao volume obtido no ciclo anterior.

A diminuição, segundo a companhia, se deve, sobretudo, à demora na regularização de chuvas no início da janela de plantio, aliada às baixas precipitações durante parte do ciclo das lavouras nos estados do Centro-Oeste, além de Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia, São Paulo e Paraná.

Outro fator citado pela Conab, em nota, é o excesso de precipitação registrado no Rio Grande do Sul, principalmente nas lavouras de primeira safra.

 “Os estados paulista e paranaense, além do Mato Grosso do Sul, também apresentaram condições adversas durante o desenvolvimento das culturas de segunda safra. Ainda assim, esta é a segunda maior safra a ser colhida na série histórica”, explica a Conab.

 A área semeada está estimada em 79,82 milhões de hectares, um acréscimo de 1,6% ou 1,27 milhão de hectares sobre 2022/2023. Já a produtividade média das lavouras registra redução de 8,2%, saindo de 4.072 quilos por hectare na temporada passada para 3.739 quilos por hectare.

 Soja

Dentre as culturas afetadas pelo clima adverso, a Conab destaca a soja, cujo volume total colhido na safra 2023/2024 é estimado em 147,38 milhões de toneladas, uma redução de 7,23 milhões de toneladas em relação ao período 2022/2023.

 “A queda observada se deve, principalmente, ao atraso do início das chuvas, às baixas precipitações e às altas temperaturas nas áreas semeadas entre setembro e novembro, nas regiões Centro-Oeste e Sudeste e na região do Matopiba [Maranhão, Tocantis, Piauí, Bahia]”, informa.

Segundo a companhia, esse cenário causou replantios e perdas de produtividade. Apenas em Mato Grosso, principal estado produtor de soja, a produção ficou em 39,34 milhões de toneladas, uma redução de 11,9% em relação ao primeiro levantamento e de 15,7% em relação à safra passada.

 Rio Grande do Sul

  Já o cenário no Rio Grande do Sul é de recuperação. O estado, que produz 12,4% da safra nacional, se encaminha para ter a sua segunda maior colheita de grãos, conforme registros da série histórica da Conab, que iniciou no ciclo 1976/77. A produção deve chegar a 37,1 milhões de toneladas — 34,5% a mais do que na safra anterior, quando foram colhidas 27,6 milhões de toneladas. Isso coloca o RS na posição de terceiro maior produtor de grãos do país, atrás apenas do Mato Grosso e do Paraná. Apesar das adversidades durante o ciclo das culturas, sobretudo ao final da colheita, as lavouras apresentaram um desempenho melhor do que na última safra, o que justifica esse resultado na produção gaúcha. A área plantada nesta safra soma 10,4 milhões de hectares, uma elevação de 1%.

 Todas as principais culturas do estado seguem apresentando alta na produção. O crescimento é de 51% na soja, de 44,5% no trigo, de 30% no milho e de 3,3% no arroz. No que diz respeito ao tamanho das lavouras, o crescimento foi de 3,2% na área plantada com soja e de 4,4% na área com arroz. Já as áreas de trigo e milho tiveram redução de, respectivamente, 10,6% e 2%.

 Soja

 O RS é o segundo maior produtor de soja do país. A estimativa de produção é de 19,65 milhões de toneladas, numa área plantada de 6,76 milhões de hectares. A produção poderia ter sido ainda maior, mas com o excesso de chuvas em abril, apesar da colheita já apresentando 70% do total, as lavouras que estavam em campo tiveram seu desempenho prejudicado. Contudo, as lavouras tiveram um bom suprimento hídrico durante praticamente todo o ciclo, projetando boa produtividade.

 Milho

 O estado gaúcho é o que mais produz milho na primeira safra, correspondendo a quase 21% do total produzido neste primeiro momento. A Conab estima a colheita de 4,85 milhões de toneladas do grão, numa área de 814,9 mil hectares. O milho também teve o seu desempenho afetado pelas fortes chuvas ocorridas ao final de abril, apesar de apresentar desempenho bem superior ao da safra passada, com produtividade de 5.952 kg/ha, 32,6% a mais que no ciclo 2022/23.

 Trigo

 O RS também é o principal produtor de trigo do país. O estado deve colher 4,19 milhões de toneladas do cereal, numa área de 1,34 milhão de hectares. O levantamento de safra da Conab mostrou uma área menor do que o cultivado na última safra, mas uma boa produtividade, que foi fortemente impactada no final do último ciclo. A falta de sementes em quantidade e qualidade, a alta suscetibilidade da cultura às perdas decorrentes de geadas e chuvas e o relato de baixa rentabilidade da cultura, por parte dos produtores, são apontados como principais motivadores da redução de área.

 


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