Um olho no céu, outro na lavoura

Produtores da região de Passo Fundo aguardam chuvas regulares para garantir boas safras de verão

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Divulgação/Emater Divulgação/Emater
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Os produtores rurais da região de Passo Fundo estão otimistas, mas alertas, quanto à importância de chuvas regulares nas próximas semanas. De acordo com Oriberto Adami, engenheiro agrônomo e supervisor microrregional da Emater/RS-Ascar Passo Fundo, a continuidade das precipitações sem intervalos muito longos será fundamental para o bom desenvolvimento das culturas de verão, especialmente a soja e o milho, que dominam a área agrícola local.


Colheita das culturas de inverno concluída

Em relação às culturas de inverno, a colheita do trigo, principal cultura comercial, está praticamente encerrada, com resultados considerados positivos. A produtividade média atingiu cerca de 60 sacas por hectare, o equivalente a 3.600 kg/ha. A qualidade também foi satisfatória, com o PH variando entre 78 e 80. Contudo, houve variações nos resultados em função das condições de solo, época de plantio e tecnologia utilizada. Adami explicou que algumas áreas registraram produtividade abaixo da média, com cerca de 40 sacas por hectare, enquanto outras superaram 80 sacas. Essa variabilidade é comum e reflete as diferentes práticas adotadas pelos produtores.

Embora a safra tenha sido boa, a rentabilidade foi impactada pelos preços do trigo, atualmente em torno de R$ 69,00 por saca. O custo de produção reduz a margem de lucro, mesmo com a colheita dentro das expectativas. “O trabalho do produtor foi satisfatório, mas o retorno financeiro depende muito do preço de mercado,” destacou Adami.


Desenvolvimento das culturas de verão

A soja, principal cultura de verão na região, ocupa aproximadamente 650 mil hectares, representando cerca de 90% da área agrícola dos 42 municípios atendidos pela regional de Passo Fundo. O plantio está praticamente concluído, com grande parte das lavouras em fase de desenvolvimento vegetativo. Algumas áreas ainda estão em germinação, principalmente aquelas semeadas nas últimas semanas. Segundo Adami, as chuvas recentes, embora irregulares, foram essenciais para evitar o estresse hídrico, especialmente após um período de até 15 dias sem precipitação em algumas localidades.


Nesse estágio, a soja demanda umidade constante para garantir um desenvolvimento saudável. “A situação ideal é que ocorram chuvas semanais, com volumes de 35 a 40 mm, evitando intervalos superiores a cinco ou sete dias sem precipitação,” explicou o engenheiro. Ele destacou que o controle de plantas invasoras e outros tratos culturais são as principais atividades realizadas pelos produtores neste momento.

A cultura do milho, por sua vez, está 100% plantada na região, com metade das lavouras entrando na fase de floração e espigamento, considerada crítica em termos de necessidade hídrica. A demanda por água aumenta significativamente nesse período, chegando a 5 milímetros por hectare diariamente. Adami alertou que, apesar das chuvas recentes terem amenizado o estresse hídrico, algumas áreas já registram perdas no potencial produtivo devido à seca anterior. “Ainda não é possível avaliar com precisão, mas é provável que a produtividade em algumas regiões tenha sido afetada,” afirmou.

Adami ressaltou que, embora a situação esteja dentro da normalidade até o momento, o período crítico para o milho será entre dezembro e janeiro. Para a soja, o mês de janeiro será decisivo, coincidindo com o início da fase de floração. A expectativa dos produtores é que as chuvas ocorram de forma regular e em volumes adequados, sem longos intervalos secos, garantindo o pleno desenvolvimento das lavouras e a viabilidade das safras de verão.


Panorama estadual

No contexto estadual, a soja ocupa 6.811.344 hectares no Rio Grande do Sul, um aumento de 1,54% em relação à safra anterior. A produtividade projetada é de 3.179 kg/ha, 13,17% superior ao desempenho do último ciclo. As lavouras semeadas entre o final de outubro e o início de novembro apresentam bom desenvolvimento, com germinação adequada. Já as áreas plantadas após a segunda quinzena de novembro enfrentaram períodos de seca, resultando em falhas de germinação, mas sem comprometer significativamente o estande das lavouras.

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