Produção das pequenas propriedades tem perdas de 50%

A bacia leiteira e as plantações de hortaliças, feijão, melancia, melão, abóbora e moranga são as mais prejudicadas

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Perdas em quantidade e qualidade  - Foto - LC Schneider-ONPerdas em quantidade e qualidade  - Foto - LC Schneider-ON
Perdas em quantidade e qualidade - Foto - LC Schneider-ON
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“Bah, tá brabo”. Assim, o agricultor Mércio Michel define a situação das lavouras da região em consequência da estiagem. Na condição de presidente da Feira do Pequeno Produtor de Passo Fundo, ele faz uma avaliação com visão coletiva do momento. A quase totalidade dos produtores tem lavouras no Distrito de São Roque, outros em Santa Gema e São Brás. Além da escassez de chuvas, o sol forte e o solo seco e quente são os vilões para as pequenas propriedades. As perdas e prejuízos são muito variáveis, dependem da cultura e do local, mas, em muitas situações, a quebra supera a casa de 50%.

 Chuvinha

Mesmo fracas, as chuvas dos últimos dias dão esperanças em relação a algumas culturas. “Teve um ganho, mas está praticamente perdido o que estava em fase de crescimento. O que foi semeado um pouco antes alagou e acabou morrendo”, conta. A chuva de terça-feira, Mércio estima que ficou em 4 ou 5mm, na localidade de São José, em São Roque. “Logo depois não tinha sol forte e isso ajudou bastante. Ao redor, teve locais onde a chuva chegou até a 20mm”. Essa variabilidade em abrangência e intensidade das chuvas, cria condições distintas entre as plantações de um vizinho para outro.

Abortamento de frutos

A seca atinge diretamente o que vai à mesa. “O feijão teve quebra de quase 50%. O aipim se chover ainda se recupera, mas vai atrasar bastante a colheita”, detalhou. Moranga e abóbora também estão com metade da produção comprometida. “A melancia, mesmo com a lavoura toda irrigada, perde uns 20%. Isso porque com o sol excessivo não conseguem colher. Ela queima, mas fica mais doce. Se continuar o calor não vai produzir, porque ela floresce e aborta o fruto”. Mércio diz que o abortamento também ocorre com o melão, abóbora e moranga. E isso não acontece apenas por falta de chuvas. “É o calor, porque fica bem próxima da terra que está muito quente, então aborta um dia depois de florescer”, complementou.

Sol e insetos

“As verduras e hortaliças estão todas enfrentando problemas, pela falta de chuvas e o sol quente. As perdas chegam a mais de 60% na qualidade e na quantidade produzida a céu aberto ou mesmo em estufas. O pé de alface pesa entre 700 e 900g e hoje fica com apenas 150 a 200g. Além dessas condições, Mércio acrescenta outras adversidades. “Os insetos como cascudinho, também conhecido como vaquinha verde, ou o tripes (Maria Fedida) surgem muito com o clima seco e quente. A cigarrinha é mais intensa nas folhas estreitas. O milho nasce e ela já está na folha”, detalhou Mércio. A ação dos insetos aumenta ainda mais as perdas em muitas plantações.

Leite

“De onde vai sair leite se não tem pastagem?”. A indagação é a própria resposta do presidente da Feira do Produtor sobre a situação enfrentada pela bacia leiteira. “Pelo que eu sei, a produção de leite é uma das mais prejudicadas”. A pastagem está seca e os produtores recorrem à ração e silagem, o que aumenta os custos de produção de forma considerável. E, assim, já falta leite.

Frutas

A fruticultura encontra suporte na irrigação, o que vem salvando alguns pomares. “Mesmo com a irrigação as frutas sofrem com o sol”. Em relação ao nível dos açudes e outros reservatórios de água, diz que ainda tem água. “Mas os reservatórios estão baixando. O pessoal das frutas enfrenta o excesso de sol, estão irrigando, mas as plantas não desenvolvem a tempo porque está muito quente”. Os parreirais foram os privilegiados nesse quadro de seca, pois as videiras receberam chuva no momento certo e, depois, a falta de água deixa as uvas mais doces. Isso significa uvas de mesa mais saborosas e com excelente graduação que vislumbra uma safra de vinhos excepcional. “O nosso grupo da Feira não produz uvas e então nós trazemos de Fontoura Xavier e estão excelentes”, finalizou.

 

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