A ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas discussões do G20 (formado pelas maiores economias do mundo incluindo os principais países emergentes) não impedirá o debate das ideias defendidas por ele. Por exemplo, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, assim como Lula, quer a reformulação dos organismos financeiros internacionais. Ela antecipou que o assunto é uma das prioridades para a Argentina.
Quinta-feira, 24, Cristina Kirchner, ao se encontrar com dirigentes sindicais de todo o mundo, em Toronto, iniciou o debate. “Precisamos reformular os organismos de governo global”, disse ela. “Atualmente, utilizamos instrumentos de política econômica que remontam a 1945, ainda no período pós-guerra. Muitos países da União Europeia aplicam as mesmas políticas que levaram a Argentina ao desastre”.
O “desastre” citado por Cristina Kirchner foi a moratória da dívida externa declarada em 2001, que deixou pendentes US$ 90 bilhões e abalou a confiança dos mercados financeiros internacionais na Argentina. Nos últimos meses, a troca da dívida por papéis sadios tem sido uma das mais importantes missões do ministro da Economia argentino, Amado Boudou.
Nesta semana, Boudou anunciou que, até agora, já conseguiu refinanciar 66% da dívida externa, nível superior ao esperado pelo governo. Ele informou que resta negociar com “uma pequena parcela de credores internacionais ainda hostis à Argentina”. A maioria desses "credores hostis" é formada por investidores que compraram os chamados “fundos abutres”. Os fundos receberam esse apelido porque os investidores se aproveitaram da moratória de 2001 para comprar bônus argentinos a preços bem baixos. Segundo Amado Boudou, nenhum “fundo abutre” entrou na recente operação de troca da dívida externa. Os investidores dos “fundos abutres” estão concentrados nos Estados Unidos, na Itália, em Luxemburgo, na França, no Japão e na Alemanha.
Em nome de Lula, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, defenderá uma reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para o governo brasileiro, há um desequilíbrio entre o que o Brasil representa e o poder de voto que tem na instituição. O assunto é considerado prioridade. O ideal, segundo o governo, seria a reforma do FMI seguir o modelo adotado pelo Banco Mundial.
Em abril deste ano, o Banco Mundial aprovou uma reforma que aumentou o poder de voto de países emergentes e em desenvolvimento na instituição. Pelas novas regras, os emergentes ganharam um aumento de 3,13 pontos percentuais em seu poder de voto, totalizando 47,19%.
Com informações da Agência Brasil