Acordo pode evitar fechamento de fábrica da Embraer na China

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A Embraer é parceira da estatal Aviation Industries of China (Avic) desde 2002 e produzirá, neste mês de abril, a última unidade do modelo para o qual tem licença de fabricação, o ERJ-145, uma aeronave comercial de 50 lugares cuja demanda na China e no mundo despencou nos últimos anos.

Sem licença para fabricar outro modelo mais competitivo, a fábrica corria o risco de ficar ociosa e fechar as portas em breve. Mas o embaixador do Brasil na China, Clodoaldo Hugueney, disse que foi fechado um acordo com o governo chinês que permite a produção pela fábrica da Embraer na China do jato executivo Legacy, o que salvaria as operações da Embraer no país.

A Embraer, que também não confirmou o acordo, informou apenas que é relativamente fácil para a empresa adaptar a linha de produção chinesa, atualmente preparada para produzir o ERJ-145, para a fabricação do jato executivo Legacy 600-650 (os dois modelos que devem ter demanda na China).

Na prática, a medida é possível porque a fabricação do Legacy pode usar a mesma plataforma do RJ-145, sendo necessários poucos ajustes como nas ferramentas usadas. Segundo a empresa, o ERJ-145 é vendido por US$ 22 milhões. O jato executivo Legacy, bem menor, com 13 assentos, fica entre US$ 28 milhões (o 600) e US$ 31 milhões (o 650), por conta principalmente do melhor acabamento.

O jato comercial ERJ-145, atualmente fabricado pela Embraer na China, começou a ser produzido na metade da década de 90 e sua demanda foi afetada, entre outras coisas, por custos fixos mais elevados, como o aumento do preço dos combustíveis. O mercado passou a preferir jatos comerciais com mais assentos, o que dilui custos.

O problema é que o governo chinês nunca aprovou o pedido de licença feito pela empresa em 2008 para a fabricação na China do jato comercial Embraer 190, de cem assentos. A interpretação no mercado de aviação é de que a China quer desenvolver o seu próprio jato comercial de 100 lugares e quer evitar a concorrência da Embraer.

O Legacy, que contaria com a licença de fabricação caso o acordo seja mesmo oficializado, é um jato executivo e não comercial, operando portanto em um mercado diferente. Segundo o embaixador brasileiro, a Embraer também obteve autorização para a liberação da venda de dez aviões Embraer 190, fechada em janeiro. Segundo a empresa, cada Embraer 190 custa US$ 43 milhões.

O acordo, que pode permitir a permanência da Embraer na China, é um dos pontos-chave desta viagem da presidenta Dilma à China. Antes de deixar o Brasil, Dilma Rousseff concedeu entrevista exclusiva à agência estatal chinesa Xinhua, insistindo na necessidade de reciprocidade na relação entre China e Brasil.

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), também comemorou hoje, no lobby do Hotel St Regis, onde a delegação brasileira está hospedada, o investimento de US$ 4 bilhões para implantação, em Barreiras (BA), de um polo de processamento de soja pelo Chongqing Grain Group. O investimento já havia sido anunciado no Brasil e Wagner disse que será oficializado durante a visita da delegação do governo a Pequim.

 A visita da presidenta Dilma Rousseff à China começou hoje (11) com o anúncio de um possível acordo que pode evitar o fechamento da fábrica da Embraer em Harbin, um dos pontos mais polêmicos da relação entre os dois países. A expectativa foi confirmada pelo embaixador do Brasil na China, Clodoaldo Hugueney.  
Agência Brasil
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