Pesquisa mostra que cirurgia pode curar câncer reincidente de próstata

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

São Paulo – Uma pesquisa feita nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil mostrou que o câncer recorrente de próstata pode ser curado. Até agora, a doença, quando aparecia pela segunda vez, após o tratamento com radioterapia, era considera incurável.

Os pacientes com o diagnóstico de tumor maligno na próstata têm duas opções de tratamento: a cirurgia para a retirada da glândula – que pode trazer complicações, como a impotência em 50% dos casos, e a incontinência urinária – ou o tratamento com radioterapia, que também pode deixar sequelas, mas em menores proporções.

Nos casos em que a opção pela radioterapia, após o tratamento, o tumor voltava, a doença era considerada sem cura, e o único tratamento disponível é o da hormonoterapia, que consiste em bloquear a produção do hormônio masculino no organismo. Isso retarda o desenvolvimento do câncer, mas não o cura, e dá sobrevida, em média, de mais dois anos ao paciente.

De acordo com um dos coordenadores da pesquisa, o médico do Instituto do Câncer de São Paulo, Daher Chade, a operação de retirada da próstata, depois da reincidência do câncer, não era feita em razão de, geralmente, a radioterapia produzir aderências na região da glândula, o que prejudicava a cirurgia.

“O que foi descoberto com essa pesquisa é que nessa situação, os pacientes que fizeram radioterapia, e o tumor voltou, a cirurgia pode ser feita com segurança. Com a radioterapia mais moderna, a radiação ocorre mais no interior da próstata para eliminar o tumor, e causa menos aderência ao redor da glândula”, afirmou.

O estudo publicado na última semana, que começou a ser feito nos Estados Unidos há cerca de 25 anos, apresentou resultados surpreendentes para os pesquisadores. Cerca de 77% dos pacientes que fizeram a cirurgia após o reaparecimento do tumor estavam, dez anos após a cirurgia, sem nenhum sinal de disseminação da doença.

Outro dado importante obtido, foi a constatação de que 83% dos pacientes estavam vivos uma década após a cirurgia. “Esse é um tempo muito longo para um tumor que se achava incurável, e que era instituído um tratamento de hormônio, para que o paciente vivesse só mais dois ou três anos”.

O médico ainda destacou que os médicos não precisam aprender uma técnica nova para fazer cirurgia, já que o procedimento é o mesmo já utilizado nos casos em que o tumor aparece pela primeira vez. "Os urologistas já sabem fazer essa cirurgia. O que é preciso é adquirir experiência, porque, até agora, poucos cirurgiões faziam essa cirurgia porque não se sabia que ela era benéfica para o paciente”.

A pesquisa analisou 404 pacientes de todo mundo, que tinham, em média, 65 anos de idade.

 

 

Gostou? Compartilhe