O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu neste sábado (18) que os petistas trabalhem por unidade no partido para que a presidente Dilma Rousseff possa governar com “tranquilidade”. Ele participou do Encontro das Macrorregiões do PT de São Paulo.
“A unidade do PT é condição básica para que a companheira Dilma tenha condições de governar com tranqüilidade. [...] Precisamos estar cada vez mais unidos para construir tranquilidade para a governança da companheira Dilma. Temos uma maioria folgada [no Congresso] e não há razão para termos problemas”, afirmou.
Lula afirmou que tem recebido telefonemas de parlamentares pedindo para que interfira nos conflitos internos do partido. “Acho que vocês tem que resolver entre vocês. Todo mundo é maduro. O que temos é que dar tranquilidade à nossa companheira. A Dilma tem que deitar todo dia sabendo que a bancada do PT está afiadíssima”, disse.
Após cinco meses de governo Dilma, dois ministros já deixaram o cargo. Antonio Palocci saiu da chefia da Casa Civil após denúncias de que teria aumentado o patrimônio em 20 vezes. Sem citar casos concretos, Lula afirmou que está "de saco cheio" de ver colegas petistas sendo acusados de cometer irregularidades.
"É importante a gente ter em conta que o jogo é duro e que a gente não baixe a cabeça, para que a gente enfrente. Eu sinceramente estou de saco cheio de ver meus companheiros serem acusados, a família destruída e depois ninguém prova coisa nenhuma contra eles", disse.
Contribuiu para o enfraquecimento político de Palocci a postura de parlamentares petistas de exigir explicações do ex-ministro, assim como declarações de que a crise era apenas do governo e não do PT.
Já o ex-ministro de Relações Institucionais Luiz Sérgio deixou o cargo após articulações de deputados e senadores do PT para que ele fosse substituído.
No discurso deste sábado, Lula afirmou que distensões entre petistas devem ser resolvidas internamente e de imediato, em reuniões convocadas pelo presidente do partido, Rui Falcão.
“O PT é importante saber o seguinte: temos 88 deputados. Lá são 513. Qualquer fissura dentro da bancada do PT, não faltará partido para colocar uma cunha para a crise aumentar,” disse.
O ex-presidente citou o mensalão, escândalo que atingiu o governo dele em 2005. Segundo Lula, o esquema em que deputados supostamente recebiam propina para aprovar projetos de interesse do governo só resultou em Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e investigação criminal porque o PT se dividiu.
“Sei que um dos problemas nossos em 2005 era a desconfiança na nossa própria bancada. Companheiro torcendo para que o outro se ferrasse porque pertencia a outra corrente dentro do PT. [...] A crise de 2005 começou com uma denúncia de uma propina de 3 mil reais e transformaram esse negócio numa CPI”, afirmou.
Lula também falou da importância em manter uma boa relação com o PMDB, maior partido da base aliada. “Nossa relação com PMDB é muito importante. Muitas coisas saem na mídia. A gente não pode aceitar nenhuma provocação. Na dúvida, a gente tem que chamar o companheiro para conversar.”