A presidenta do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman, criticou o uso das notas do Enem para montar listas das melhores e piores escolas do país. Para ela, o ranking não é o critério mais adequado para avaliar o desempenho das escolas, dos alunos e professores.
Este ano, o Inep mudou o formato de divulgação dos resultados e passou a levar em consideração o percentual de estudantes de cada escola que participaram do Enem. A ideia é evitar comparações entre as unidades de ensino, principalmente entre escolas privadas e públicas. A maioria dos veículos de comunicação noticiou o melhor desempenho das particulares em relação às públicas.
“A elaboração de rankings e a utilização de adjetivos para qualificar as escolas não demonstram o devido reconhecimento ao empenho de milhões de estudantes, profissionais da educação, parentes e demais setores da sociedade na busca de uma escola de qualidade para todos”, disse Malvina, ao ler uma nota do instituto sobre a classificação das escolas. Ela participou hoje (15) de um debate sobre as avaliações externas na educação, em um congresso internacional promovido pelo movimento Todos pela Educação. “Não gosto do ranking porque acaba fortalecendo algo que não é verdade”, completou.
A maioria dos especialistas presentes ao encontro também se posicionou contra o ranking das escolas. Porém, alertaram que o formato de divulgação das notas não é didático, é de difícil compreensão para imprensa, professores, coordenadores pedagógicos e secretarias estaduais de ensino, o que estimula a elaboração das listas dos melhores e piores.
“A imprensa faz ranking porque não demos outra coisa para ela. A gente está produzindo número que tem sido pouco interpretado”, disse José Francisco Soares, do grupo de avaliação de medidas educacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Uma opinião que foi rebatida pela presidenta do Inep. Malvina Tuttman disse que as notas podem ser analisadas por pesquisadores de qualquer organismo da sociedade civil. “Todos nós estamos habituados a que o outro faça [a pesquisa]. Os dados estão aí. Onde estão nossas universidades para trabalhar junto [conosco] esses dados? Onde estão nossos pesquisadores para trabalhar com o Inep?”, provocou.
Agência Brasil