O julgamento do dissídio coletivo dos trabalhadores dos Correios pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) poderá trazer prejuízos à categoria, na avaliação do presidente da corte, ministro João Oreste Dalazen. Na tarde desta sexta (7), ele mediou a segunda audiência de conciliação entre a empresa e representantes dos grevistas. Por falta de acordo entre as duas partes, a questão foi encaminhada à Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC), que julgará o dissídio na próxima terça-feira.
Segundo Dalazen, se o TST seguir a jurisprudência que tem sobre a matéria, haverá o desconto de todos os dias de greve, ao contrário da proposta apresentada pela empresa de descontar seis dias e compensar os outros 18 dias de greve com trabalho extra. “Quase sempre há a determinação do desconto dos dias de paralisação, porque a legislação diz que a participação em momento grevista provoca suspensão do contrato de trabalho. Ou seja, não se presta serviço e não se recebe salário. Por isso, o tribunal manda que se efetive os descontos relativos aos dias de paralisação.”
O secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), José Rivaldo da Silva, disse que os trabalhadores foram alertados sobre a possibilidade de perdas no julgamento do dissídio. “As lideranças sindicais de todo o país têm que esclarecer a todos os trabalhadores o risco do julgamento no TST.”
Na reunião desta sexta, o presidente do TST apresentou uma proposta que previa um abono de R$ 800, a ser pago imediatamente, e aumento real de R$ 60 a partir de janeiro de 2012, além de um reajuste linear do salário e dos benefícios de 6,87%. A proposta foi acatada pela empresa, mas os trabalhadores não aceitaram.
Os grevistas não querem o desconto dos dias parados e reivindicam também um aumento real de R$ 80 retroativo a agosto. Silva lembra que desde 1997 os trabalhadores não tinham descontos os dias parados durante as greves. Outro fato que acirrou os ânimos entre os grevistas foi o desconto dos dias parados na folha de pagamento de setembro, antes mesmo do fim das negociações com a empresa.
O vice-presidente de Gestão de Pessoas dos Correios, Larry de Almeida, lamentou a falta de acordo com os trabalhadores. Segundo ele, atualmente existem cerca de 160 milhões de correspondências e encomendas com atrasos na entrega por causa da greve.
Agência Brasil