O governo de Cuba vai libertar nos próximos dias 2.900 prisioneiros, entre os quais 86 estrangeiros de 25 países, num “gesto de boa vontade”, motivado, entre outras razões, segundo presidente Raúl Castro, pela visita iminente do papa Bento XVI. Entre os que serão libertados há doentes, idosos e mulheres, incluindo alguns condenados por crimes políticos, de acordo com as autoridades cubanas.
O presidente anunciou a libertação dos priosioneiros ontem (22), na Assembleia Nacional, e disse que a “atitude humanitária” mostra a força de Cuba. O Conselho de Estado cubano informou que a decisão foi tomada depois de receber inúmeros pedidos de parentes e instituições religiosas.
Segundo informações de membros do governo, alguns condenados por crimes contra "a segurança de Estado" também serão libertados. "Todos eles completaram uma parte importante de suas sentenças e mostraram bom comportamento", disse um comunicado oficial citado pela agência de notícias cubana Prensa Latina. Mas os condenados por crimes como assassinato, espionagem e tráfico de drogas não serão anistiados.
Entre os que continuarão presos está o norte-americano Alan Gross, condenado por “crimes contra o Estado”. A vice-ministra de Relações Internacionais de Cuba, Josefina Vidal, disse à agência de notícias Associated Press que o americano, que cumpre pena de 15 anos por distribuir equipamentos ilegais de comunicação para a ilha, "não está na lista".
Em julho deste ano, Raúl Castro concordou, após conversas com a Igreja Católica, em libertar 52 dissidentes presos desde 2003. As prisões em massa daquele ano, que ficaram conhecidas como a Primavera Negra de Cuba, foram condenadas internacionalmente. Na ocasião, a União Europeia cancelou a cooperação com a ilha, que só foi retomada em 2008.
Cuba nega a manutenção de prisioneiros políticos, dizendo que eles são mercenários pagos pelos Estados Unidos para desestabilizar o governo.