Os governos da presidenta Dilma Rousseff e o de Fernando Lugo atuarão conjuntamente para tentar um entendimento que “tranquilize os brasiguaios [brasileiros que residem no Paraguai em áreas de fronteira] e os paraguaios que queiram ter espaço para plantar, sem que o direito adquirido seja ameaçado”. A informação foi dada na quinta-feira (16) pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Fernando Collor.
Ele apresentou aos senadores da comissão um balanço sobre a situação dests brasileiros ou brasileiros naturalizados paraguaios que vivem em estado de situação crescente com a população local, especialmente com integrantes do movimento Liga Nacional de Carperos (trabalhadores sem terra). Collor comunicou aos senadores que a comissão constituirá um grupo parlamentar que irá ao Paraguai para verificar a situação dos brasiguaios.
O senador citou dados do Ministério das Relações Exteriores segundo os quais, desde a década de 1970, vivem na região do conflito entre 80 mil e 150 mil brasiguaios. Collor disse que as terras em questão, situadas no leste do Paraguai, estão entre as mais valorizadas do país, por causa do solo fértil e do modo como foram preparadas para o cultivo pelos produtores brasileiros para realizar o cultivo.
“Os brasiguaios contribuem com parcela considerável da produção de soja no Paraguai, o que levou aquele país à condição de quarto maior produtor de soja do mundo em 2010”, ressaltou o senador.
Para ele, o governo Lugo tem adotado medidas “paliativas” no tratamento da questão dos brasiguaios, apesar de ter comunicado aos carperos que não tolerará nenhuma invasão. “O governo paraguaio tem tratado o caso dos sem-terra com medidas paliativas que não foram suficientes até agora para resolver a questão”, disse Collor.
De acordo com o senador, o envio de “alguns policiais” para a área de conflito e a designação de uma comissão para tratar do problema mostram que o governo de Lugo “acompanha o assunto relativamente a distância”. Segundo Collor, é possível que o fato de o Paraguai estar em um ano pré-eleitoral “esteja influenciando o comportamento das autoridades”.
Agência Brasil