Morre o arquiteto Oscar Niemeyer

Brasil perde o seu mais importante arquiteto

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Morreu no Hospital Samaritano, em Botafogo, onde estava internado desde o dia 2 de novembro, vítima de complicações renais e desidratação, o arquiteto Oscar Niemeyer, de 104 anos.

O quadro de saúde de Niemeyer piorou nas últimas horas, e o boletim médico assinado esta tarde pelo médico intensivista Fernando Gjorup indicava piora "no estado clínico do arquiteto".

Por causa de uma infecção respiratória, o arquiteto que estava na unidade intermediária do hospital apresentou um quadro de infecção respiratória, ficou sedado e respirando com auxílio de aparelhos. 

Niemeyer morreu às 21h55. Ele completaria 105 anos no próximo dias 15.

Perfil

Filho de Oscar Niemeyer Soares e de Delfina Ribeiro de Almeida, Oscar Niemeyer casou cedo, aos 21 anos, com Annita Baldo, com quem teve uma única filha, Anna Maria.

Um ano depois do casamento, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes e, em 1932, começou a trabalhar no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão. O diploma de engenheiro arquiteto ele recebeu em 1934. Ainda trabalhando com Lúcio Costa, em 1936, conhece o arquiteto francês de origem suíça Le Corbusier (Charles Edouard Jeanneret-Gris, considerado a figura mais importante da arquitetura moderna), que chega ao Rio de Janeiro a convite de Lúcio Costa e de Gustavo Capanema, então ministro da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas, para atuar como consultor no projeto do Ministério da Educação.

Na ocasião, Niemeyer desempenha o papel principal na corrente modernista, que privilegiava a expressão plástica, e assina o projeto com o mestre Corbusier. Em 1947, ainda com Corbusier, Niemeyer divide o projeto da sede da Organização das Nações Unidas (ONU), nos Estados Unidos.

Antes, em 1940, é apresentado a Juscelino Kubistcheck, prefeito de Belo Horizonte, que o convida para desenvolver o grande projeto do Conjunto da Pampulha. Dezesseis anos depois, o mesmo Juscelino, agora presidente da República, o convida para fazer o projeto de Brasília, a nova capital do país.

Em 1967, em plena ditadura militar, Niemeyer, que militava no Partido Comunista Brasileiro, tem embargado seu projeto do aeroporto de Brasília. Impedido de trabalhar no Brasil, vai para Paris, onde instala um escritório. Lá, entre tantos projetos, lança, em 1971, sua primeira linha de mobiliário para escritório, em parceria com a filha, Anna Maria, morta em junho deste ano.

A mulher, Annita, morre em 2004 e, dois anos depois, o arquiteto, que já tinha 99 anos, casa-se com sua secretária, Vera Lúcia, quase 30 anos mais jovem que ele.

Ao completar 100 anos, em 2007, Oscar Niemeyer recebe diversas condecorações. Entre elas, a medalha ao Mérito Cultural, conferida pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reconhecimento à sua contribuição à cultura brasileira. Na França,o arquiteto é condecorado com o título de comendador da Ordem Nacional da Legião de Honra.

Entre as mais importantes obras do arquiteto destacam-se  o conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte; o Edifício Copan, em São Paulo; a construção de Brasília; a Universidade de Constantine e a Mesquita de Argel, na Argélia; a Feira Internacional e Permanente do Líbano; o Centro Cultural de Le Havre-Le Volcan, na França; os Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) e a Passarela do Samba, no Rio de Janeiro; o Memorial da América Latina e o Parque do Ibirapuera, em São Paulo; e o Caminho Niemeyer, em Niterói, Rio de Janeiro; além do Porto da Música, na Argentina.

Agência Brasil

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