Nos últimos três anos, o número de estrangeiros que solicitaram refúgio ao governo brasileiro cresceu 254%. Em 2010 foram feitas 566 solicitações à Polícia Federal e, em 2012, esse número saltou para 2.008 pessoas.
Os dados sobre pedidos de refúgio ao Brasil foram apresentados hoje (26) pelo presidente do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), Paulo Abrão, e pelo representante da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Andrés Ramirez.
Até abril de 2013, a população de refugiados no Brasil somava 4.262 de estrangeiros. A grande maioria é de migrantes de Angola e da Colômbia - 1.060 e 738 refugiados, respectivamente.
Abrão destacou que a projeção para este ano é que haja 2.580 solicitações de refúgio. Os migrantes vêm especialmente de Angola, da Colômbia, da República Democrática do Congo, do Iraque, da Libéria e da Síria.
O presidente do Conare ressaltou que, com a possibilidade de retorno dos liberianos e angolanos aos seus países - uma vez que, pelas situações internas desses, não se enquadram mais no pedido de refúgio - a população de refugiados poderia cair para 2.996.
Paulo Abrão disse que a situação dessas pessoas deverá ser analisada caso a caso. Ele acrescentou que “a grande maioria” dos angolanos e liberianos já reside no Brasil há mais de dez anos. Isso pode permitir que passem de refugiados para residentes.
“Essas pessoas, geralmente, já constituíram família, estão integradas socialmente no Brasil e já têm empregos”, disse Abrão, frisando os motivos pelos quais poderiam ser considerados residentes e terem a situação definitivamente legalizada.
Os pedidos de refúgio no país não são concedidos de imediato, exigindo trâmite de consultas envolvendo instituições parceiras como a Acnur. Em 2012, o Conare recebeu uma média de 167 solicitações por mês. Ainda estão pendentes 1.603, do total de pedidos feitos no ano passado
Paulo Abrão destacou a migração de sírios, especialmente após a Primavera Árabe. Por causa dos conflitos internos na Síria, 138 migrantes já estão no Brasil na qualidade de refugiados. “Esse é um caso em que temos trabalhado fortemente para dar celeridade à concessão do pedido de refúgio”, disse o presidente do Conare.
O comitê já formalizou uma parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para que, em 12 meses, seja feito um estudo sobre as situações social e econômica dos refugiados no país. Segundo Paulo Abrão, a partir do perfil traçado, o Ipea fará sugestões ao Conare para que, com as entidades parceiras como Acnur, Cáritas e Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), avaliem.
A entrevista sobre o novo perfil de refugiados no Brasil encerrou o 1º Curso de Elegibilidade e Reassentamento, promovido pelo Conare e pela Acnur para qualificação de agentes públicos, especialmente da Polícia Federal e da Defensoria Pública da União.
Agência Brasil