Representantes da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ) que acompanharam a manifestação de ontem (30) nos arredores do Estádio do Maracanã denunciaram a presença de homens da Polícia Militar (PM) que usavam fardas sem identificação durante o protesto.
Segundo o advogado Rodrigo Mondego, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, a entidade filmou alguns dos policiais sem o nome na farda e vai questionar o fato no Comando da Polícia Militar. “É perigoso [haver] uma pessoa com uma arma, um fuzil, em nome do Estado, sem que se saiba quem é essa pessoa. Filmamos tudo e vamos questionar isso com o Comando da PM para que não haja truculência por parte deles.”
Rodrigo Mondego lembrou que o direito de manifestação foi garantido pelos órgãos do Estado. Ele lembrou que, embora questionável constitucionalmente, a Lei Geral de Copa determina um perímetro de segurança de 2 quilômetros ao redor dos estádios. “Ainda assim, os manifestantes puderam chegar a até 500 metros do Maracanã.”
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Marcelo Freixo (PSOL), disse que o problema da falta de identificação é antigo. “Não é a primeira vez que isso acontece. Muitas vezes, [policiais] colocam o colete sem identificação, mas isso é proposital, porque há como colocar a identificação sobre o colete. Quando se esconde a identificação, talvez a intenção não seja das melhores”, disse Freixo, que espera providências do Comando da PM.
A assessoria de comunicação da PMRJ informou, por e-mail, que a corporação não recebeu nenhum vídeo da OAB e que também não foi informada da denúncia. Segundo a assessoria, todos os policiais trabalham identificados no fardamento, mas, quando usam capas nos coletes balísticos, que têm lugar para a identificação, alguns não têm "esse aparato".
De acordo com o Comando da PM, três policiais ficaram feridos no confronto da noite de ontem (30), um, por coquetel molotov, e dois atingidos por pedradas na cabeça. Ao todo, 17 coquetéis molotov foram encontrados no entorno do Maracanã. O esquema de segurança para a final da Copa das Confederações incluiu 6 mil policiais militares, distribuídos no interior do estádio, no entorno e no controle de acesso dos torcedores, além de 100 viaturas. No final do evento, mais 500 policiais foram mobilizados para reforçar a segurança na saída do estádio.
A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que acompanhou as manifestações informou, em nota, que denúncias de abusos cometidos por agentes estatais podem ser encaminhadas ao Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos, pelo telefone 129, das 9h às 18h, nos dias úteis.
Agência Brasil