Embora o site oficial da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) tenha recebido cerca de 427 mil interessados em participar do evento, um número oito vezes maior – 3,7 milhões de pessoas – compareceu aos diversos atos realizados na semana passada no Rio de Janeiro. O Brasil, como país-sede, liderou a lista de peregrinos inscritos, seguido pela Argentina e pelos Estados Unidos. Vieram ao Rio fiéis de 175 países. O balanço final da jornada foi divulgado ontem pelo arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, no Palácio São Joaquim, no bairro da Glória.
De acordo com os números, cerca de 60 mil voluntários trabalharam na organização dos eventos. Mais de 260 grupos de catequese, com voluntários especializados em 25 idiomas, e 100 confessionários foram organizados para atender aos peregrinos. A Arquidiocese estimou em 4 milhões o número de hóstias distribuídas nos seis dias. Credenciaram-se para a jornada 6,5 mil jornalistas de 57 países. A estimativa de gastos feitos pelos visitantes ficou em cerca de R$ 1,8 bilhão. A Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) recolheu aproximadamente 345 toneladas de resíduos orgânicos e 45 toneladas de materiais recicláveis nas ruas da cidade durante a jornada.
Dom Orani Tempesta disse que, apesar de todas as mudanças feitas no decorrer do evento, a Jornada Mundial da Juventude superou as expectativas. O arcebispo referia-se sobretudo à transferência da vigília de sábado (27) e da missa de encerramento da JMF, domingo (28), do Campus Fidei (Campo da Fé) em Guaratiba, na zona oeste, para a praia de Copacabana, na zona sul. A mudança foi necessária porque as chuvas deixaram o terreno encharcado e tornou-se inviável realizar ali a vigília e a missa. “Nunca houve tantas mudanças desde o início da jornada como houve agora. Mudança de base aérea, de local. Tivemos até a mudança do papa." Para ele, quem participou da JMJ jamais esquecerá esses momentos e passará as lembranças para os filhos e netos.
Ao apresentar os números finais da jornada, dom Orani destacou dois momentos marcantes fora da programação do encontro mundial de jovens católicos. “Cada vez que nos deslocávamos de helicóptero, o santo padre olhava na direção do Cristo Redentor e orava. Sempre olhando com admiração." Segundo o arcebispo, o outro momento marcante foi aquele em que um menino subiu no papamóvel e disse: "Papa, como te quero bem". Ali, disse dom Orani, aquela criança "mostrou como o povo acolheu bem o papa e o fez chorar junto dele”.
Menos ocorrências
A Secretaria de Segurança Pública do Rio divulgou o balanço das ocorrências envolvendo participantes da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). No evento, que registrou cerca de 3,5 milhões de pessoas, não houve nenhum participante da JMJ ferido gravemente. Os furtos foram os responsáveis pelo maior número de casos relacionados diretamente com a JMJ: 591 registros no período de 14 a 27 de julho. As delegacias registraram 15 roubos contra pessoas que participavam do evento.
De acordo com o subsecretário de Grandes Eventos da Secretaria de Segurança Pública, Roberto Alzir, “levando em conta o desafio da maior operação policial da história do Rio de Janeiro, os números são satisfatórios e podemos dizer que os peregrinos tiveram uma experiência segura. Nossa tarefa agora é trabalhar para aprimorar o planejamento com a análise das ocorrências para a otimização dos recursos policiais em busca da melhoria do nosso serviço nos próximos eventos”, afirmou.
Segundo Alzir, na comparação com o réveillon deste ano, quando ocorreram 348 furtos e 17 roubos no período de 12 horas, a JMJ, em seu dia de pico de ocorrências, no sábado (27), registrou 231 furtos e dois roubos, em 24 horas. O número menor de casos, segundo o subsecretário, deve-se ao comportamento dos jovens. “O planejamento adotado foi semelhante ao esquema de policiamento no Ano-Novo. A ausência de crime violento, em grande parte, se deve ao perfil do público”, ressaltou.