O presidente do Conselho Superior da Crimeia, Vladimir Konstantinov, anunciou que Moscou ofereceu garantias sociais e orçamentárias, caso o referendo convocado para o dia 16 de março respalde a reunificação com a Rússia. Segundo ele "As compensações e os salários dos funcionários públicos (...) serão acertados de acordo com os padrões russos. A Rússia nos garantiu. Na verdade, é mais do que esperávamos", disse Konstantinov.
Além disso, ele informou que a transferência da agora república autônoma ucraniana à jurisdição russa poderia ser completada antes do fim de março. Para muitos russos, a incorporação da Crimeia à Federação Russa seria uma decisão de justiça, já que essa península no Mar Negro foi transpassada administrativamente da Rússia à Ucrânia em 1954, pelo então líder soviético, o ucraniano Nikita Jrushov.
A península tem uma população de cerca de 2 milhões de habitantes, dos quais 60% são russos, 26% ucranianos e 12% tártaros, favoráveis a manter a região dentro da Ucrânia. As novas autoridades de Kiev não reconhecem o governo da autonomia, que por sua vez considera ilegítimo o Executivo central e só admite como presidente da Ucrânia o deposto Viktor Yanukovich, refugiado na Rússia.
Pressão
Ainda neste sábado, os presidentes de Estados Unidos, Barack Obama, e França, François Hollande, pediram que Moscou aceite a crição de um grupo que faça a intermediação do diálogo entre Rússia e Ucrânia. Os dois políticos reiteraram a sua argumentação de "ausência total de base legal para o projeto de referendo" no próximo dia 16 na Crimeia, ao mesmo tempo em que pediram a retirada das tropas russas na região autônoma. Se estas medidas não forem aceitas, Hollande e Obama ameaçaram com "novas medidas que afetarão sensivelmente as relações entre a comunidade internacional e a Rússia". Além disso, reforçaram seu apoio às novas autoridades da Ucrânia e à preparação, sob controle internacional e com a maior transparência, das eleições presidenciais do próximo dia 25 de maio.