O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, assegurou ontem (16), ao encerrar o 16º Seminário Anual de Metas para a Inflação, que os fundamentos monetários e financeiros do Brasil continuam sólidos e permitirão ao país atravessar o período de transição que a economia mundial ainda vive e o novo ambiente de normalidade que começa a surgir.
“Mais de cinco anos após a quebra do Lehman Brothers, que marcou o auge da crise financeira global de 2008, a economia mundial ainda vive um período de transição. A diferença agora é que há sinais, ainda que incipientes, de consolidação da recuperação, com a melhora de perspectivas nas principais economias avançadas, sugerindo que o fim desse período de transição pode estar próximo”, declarou.
Tombini considerou que há questões de longo prazo que ainda precisam ser equacionadas. Segundo ele, há um caminho a ser percorrido para evitar que a recuperação da economia norte-americana seja interrompida. A área do euro, ressaltou, também dá sinais de recuperação e deverá crescer em 2014, após dois anos de recessão. “É um crescimento tímido, heterogêneo, dos países do bloco e permanece o receio da deflação [queda de preços provocada por recessões]”, disse.
Em relação à China, o presidente do BC disse que o país está se acomodando num ritmo de crescimento entre 7% e 7,5% ao ano. “É um crescimento inferior à média dos últimos 14 ou 15 anos, mas que representa hoje contribuição maior para a economia mundial”, avaliou.
O presidente do Banco Central analisou que a maioria dos países latino-americanos apresenta boas perspectivas de crescimento. O principal destaque, apontou, é que a maioria das economias da região hoje tem fundamentos monetários e financeiros sólidos e melhores condições para garantirem a estabilidade em meio a episódios de volatilidade nos mercados externos.
Para Tombini, o debate sobre o novo ambiente de normalidade da economia mundial traz consequências importantes não só para as economias avançadas como também para os países emergentes. Segundo ele, o Brasil tem um arcabouço de políticas monetária e financeira que se provou sólido e flexível, tanto durante a crise econômica global como no ano passado, quando a retirada dos estímulos à economia norte-americana fez o dólar disparar.
Dentre os pilares do arcabouço da economia brasileira, o presidente do BC destacou o compromisso claro com a estabilidade de preços decorrente do regime de metas de inflação, o câmbio flutuante, que permite a defesa em relação a choques externos, e a acumulação de US$ 380 bilhões em reservas internacionais, com aquisições de divisas quando as condições de mercado são favoráveis.
Tombini citou ainda a regulação e a supervisão prudenciais como elemento de proteção à economia brasileira. De acordo com ele, as regras do sistema financeiro brasileiro são mais rigorosas do que as observadas na maioria dos países desenvolvidos antes da crise financeira, quando a falta de regulação permitiu que empréstimos imobiliários de má qualidade contaminassem a economia internacional em 2008.