Professora de ciências na Escola Municipal de Ensino Fundamental 25 de Julho, em Campo Bom, região metropolitana de Porto Alegre, Margarida Telles da Cruz avalia as tecnologias como ferramentas importantes para sensibilizar os alunos. São mecanismos capazes de “fazer mágicas” quando associados a uma boa pedagogia. “Nossos alunos são nativos digitais e já não podem aprender apenas dentro da sala de aula ou fechados em uma biblioteca ou laboratório de informática, com programas de busca na internet”, diz Margarida.
Para a professora, que dá aulas a três turmas do sexto ano e a duas do nono, é necessário levar os estudantes a ter contato com diferentes ambientes para conhecer os diversos ecossistemas, aprender sobre a história desses locais, verificar se está ocorrendo depredação e saber como preservá-los.
De acordo com Margarida, as tecnologias da informação e comunicação (TIC) permitem aos estudantes divulgar fotos, vídeos, relatórios e ações, além de compartilhar com a comunidade questões relacionadas a qualidade e quantidade de água do rio ou à função dos banhados. “Os alunos são desafiados a ir além de respostas simples, a sair dos muros da escola, a desenvolver habilidades de pensar criticamente e a resolver problemas do dia a dia”, destaca.
“Nas saídas de campo, ao filmar, fotografar, observar e comparar, os estudantes podem ter uma nova relação com o ambiente, fazer mapeamento e minimizar impactos como depósitos de lixo, assoreamento, erosão e falta de matas ciliares”, diz a professora. “Além disso, podem trocar informações, pesquisar, discutir, formular e testar hipóteses e tirar as próprias conclusões.” Margarida salienta que os estudantes, ao se apropriarem desse conhecimento, vão se sentir parte da natureza e descobrir razões para a preservação.
Prêmio — Há 27 anos no magistério, com licenciatura plena em biologia, licenciatura curta em ciências e pós-graduação em gestão regional de recursos hídricos, Margarida foi uma das vencedoras da sétima edição do Prêmio Professores do Brasil, com o projeto EcoWeb. Premiado na subcategoria Educação Digital Articulada ao Desenvolvimento do Currículo, o projeto usa as TIC como ferramentas para sensibilizar as pessoas sobre a importância de agir de forma sustentável visando à preservação e à conservação dos diferentes ecossistemas.
Criado em 2011, o trabalho continua. “O projeto está alicerçado em questões como sensibilização, reeducação, comprometimento e mudança de comportamento, o que deve ser retomado constantemente”, justifica a professora.
O projeto envolve alunos da escola, do maternal ao nono ano do ensino fundamental, e de outras unidades de ensino do município, além de grupos de professores. Inclui ainda estudantes com deficiência. “Trabalhamos com alunos que apresentam diferentes níveis de aprendizagem. Uns ajudam os outros e todos se sentem valorizados”, relata a professora. “Usando diferentes tecnologias associadas à sustentabilidade, todos aprendem (dentro de suas limitações) e ensinam os colegas.”
De acordo com Margarida, alunos que muitas vezes não conseguem escrever na sala de aula ou têm dificuldades de acompanhar a turma aprendem com maior facilidade a partir da vivência em práticas de campo. “Com o auxílio de tecnologias, eles podem dar contribuição oral na hora de fazer um relatório, um vídeo, de ajudar na escolha das fotos. Todos se sentem valorizados.”
Os estudantes usam ferramentas tecnológicas como tablets, smartphones, filmadoras, equipamento de GPS e máquinas digitais. Todo o material produzido é postado nas redes sociais — facebook, blogues e twitter do EcoWeb. “A partir das vivências no EcoWeb, consideramos que não temos alunos com problemas de aprendizagem, mas crianças e adolescentes que aprendem de formas e em ritmos diferentes”, analisa a professora. Ela ainda coordena outros projetos, em parceria com o Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos) e com a prefeitura.