A obrigatoriedade do uso de extintor de incêndio veicular com carga do tipo ABC foi adiada por 90 dias. A decisão foi anunciada pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab, em acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), na noite de segunda-feira (05). O prazo será contado após a publicação de uma nova resolução, mas o órgão informou que já não multará quem dirigir sem o equipamento. Com isso, os condutores que enfrentam dificuldade para adquirir o equipamento terão mais tempo para regularizar a situação dos veículos. Em Passo Fundo quem precisa trocar o extintor tem encontrado dificuldade.
O empresário João Carlos Nogueira de Souza trabalha com a venda e distribuição de extintores de incêndio há 25 anos. Ele explica que a demanda começou a aumentar ainda na metade do ano passado. No último mês de 2014 o aumento da demanda foi tanto que não foi possível atender a todos os pedidos. “As fábricas não estão conseguindo produzir o suficiente para atender a demanda”, justifica. Enquanto existiam no Brasil cerca de 1,5 mil empresas que recarregavam extintores de incêndio veiculares, agora apenas quatro empresas produzem o equipamento do tipo ABC descartável que é exigido, conforme Souza.
Na empresa de Souza, o último pedido entregue pela indústria foi no mês de dezembro, por volta do dia 20. A carga de 4 mil equipamentos se esgotou em quatro dias. “O telefone toca intermitentemente e as pessoas estão solicitando a todo momento e não temos o produto nem a previsão de entrega porque as fábricas estão com a produção comprometida. Fiz um pedido essa semana para entrega em abril. De outra fábrica receberemos uma encomenda no final do mês de janeiro”, explica. Segundo ele, a próxima carga a ser recebida já está comprometida com encomendas.
A situação, no entanto, não é exclusiva de Passo Fundo. Souza observa que lojas e postos de combustíveis de todo o Estado estão ligando para a empresa em busca de extintores do tipo ABC. Conforme uma análise da demanda, o empresário estima que poderia vender entre 500 e 1 mil equipamentos por dia caso as fábricas tivessem capacidade de atender a demanda. Com o aumento da procura, o preço do equipamento também subiu. O produto que geralmente custa R$ 60 chega a ser vendido por mais de R$ 100 em alguns lugares. “Estamos segurando o preço e mesmo com o aumento temos conseguido manter em aproximadamente R$ 70,00”, pondera o empresário.
Prorrogação do prazo
O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, em acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), decidiu, na noite de segunda-feira (05), adiar por 90 dias a obrigatoriedade do uso do extintor de incêndio veicular com carga ABC. O adiamento será contado após a publicação de uma nova resolução, mas o órgão informou que já não multará quem dirigir sem o equipamento.
Com isso, motoristas que reclamavam da dificuldade de encontrar o extintor terão mais tempo para equipar o carro e se preparar para não infringir a lei. Após os 90 dias de prorrogação, os condutores que não cumprirem a determinação podem ter de pagar R$ 127,69 de multa e ainda perder 5 pontos na carteira de habilitação.
Mudança
Segundo o Denatran, a medida garante maior segurança aos motoristas e passageiros. Isso porque os extintores com carga ABC são mais modernos e têm capacidade de combater princípios de incêndio em materiais sólidos, líquidos inflamáveis e equipamentos energizados.
Eles substituem o extintor BC, que apaga incêndio em materiais elétricos energizados, como bateria de carro e fiação elétrica, e também nos combustíveis líquidos (óleo, gasolina e álcool), materiais também recomentados para o extintor do tipo ABC. A recomendação vale para carros que tenham dez anos ou mais, pois, desde 2005, os veículos produzidos no Brasil já saem de fábrica com o extintor recomendado.