A constatação é dos responsáveis por uma pesquisa feita com 190 pacientes de Salvador entre 2012 e 2014. Elas foram separadas em dois grupos: o primeiro com 68 diagnosticadas com câncer de mama e no segundo 122 mulheres sem a doença. Ao comparar os dois grupos foi constatado que no primeiro havia mais casos de câncer (27,9%) do que no segundo (13,1%). Entre as obesas observou-se que 66,1% tinham câncer de mama e, entre as não obesas, 56,5%. A maioria das pacientes (70,8%) encontravam-se na menopausa.
Um dos coordenadores do estudo, Cesar Augusto Machado, da Sociedade Brasileira de Mastologia explicou que o critério de obesidade foi o índice de massa corpórea. O índice maior que 27,5 quilos por metro quadrado é superior ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde. “A obesidade aumenta a doença cardiovascular por um estado inflamatório na mulher obesa e para o câncer de mama acreditamos que a linha seja parecida. Ou seja, o mesmo mecanismo que desencadeia as doenças cardiovasculares poderia desencadear o câncer de mama”, disse o pesquisador.
Pesquisas feitas em outros países indicam a relação, mas estudar a mulher brasileira é fundamental para se chegar a resultados mais confiáveis, destacou ele. “Há variações importantes nos resultados [de país para país] e acabamos tratando mal nossas pacientes por falta de pesquisa no Brasil. Cesar Machado explicou a importância da pesquisa para aperfeiçoar a identificação do câncer de mama. Segundo ele, a foi comprovado que o índice de Gail – que avalia o risco de câncer de mama em uma mulher – não está adequado para a mulher brasileira.
“A etnia tem um impacto no cálculo matemático. O índice como está calibrado não serve para a mulher brasileira. Esse cálculo precisa ser alterado”, afirmou. Procedimentos como a mastectomia profilática e o tratamento com hormônio são indicados com base no índice de Gail, cujo cálculo matemático baseia-se nos valores de etnia dos Estados Unidos.
Agência Brasil