O desabamento do prédio da Rua São Luiz Gonzaga, em São Cristóvão, zona norte do Rio, após forte explosão por volta das 3h de hoje (19), deixou um rastro de destruição no entorno do Largo da Cancela, local de muitos imóveis comerciais e residenciais. O impacto da explosão, com o forte deslocamento de ar, arrancou janelas dos prédios, deixou vidros estilhaçados de residências localizadas a mais de 2 quilômetros de distância. O barulho foi ouvido bem longe e as pessoas acordaram assustadas, pegaram os filhos e deixaram às pressas tudo que tinham em casa.
Os prédios em frente ao local da explosão foram muito atingidos e não terão condições de funcionar hoje (19), porque tiveram as portas de aço retorcidas, as janelas e vidros quebrados e terão de passar por reforma. Na região do Largo da Cancela funciona a sede administrativa do Banco Itaú, com mais de dez andares, que teve as janelas totalmente destruídas pela explosão. O deslocamento de ar jogou embalagens de quentinhas que eram usadas na parte térrea do edifício, onde funcionava um restaurante, até o heliponto instalado no alto do prédio do Itaú. Uma agência do Bradesco que fica em frente também teve as janelas e portas de vidro blindex totalmente destruídas. Outras lojas comerciais próximas também foram bastante atingidas.
O Centro de Operações da prefeitura do Rio informou que está interditado o trecho da Rua São Luiz Gonzaga, entre o Campo de São Cristóvão e o Largo da Cancela, para a ação do Corpo de Bombeiros. Há interdição também na Avenida do Exército, entre a Rua João Ricardo e o Campo de São Cristóvão.
O Colégio Pedro II, que fica no Campo de São Cristóvão, está com as aulas prejudicadas agora de manhã, devido às interdições no trânsito. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil municipal informaram que os trabalhos de busca ainda vão demorar e não há previsão para a liberação do local. Três cães farejadores dos bombeiros trabalham nos escombros à procura de vítimas.
Sete pessoas ficaram feridas e foram levadas pelos bombeiros para o Hospital Municipal Souza Aguiar. A menina Beatriz Galdino de Araújo, de 9 anos, o pai e a mãe dela, que sofreram pequenos ferimentos, já deixaram o hospital. A mãe de Beatriz, Ana Keila, era dona do restaurante que funcionava no local. Ela contou que o dono da pizzaria ao lado, no mesmo sobrado, tinha nos fundos do comércio um depósito clandestino de botijões de gás e já tinha sido alertado do perigo do estoque.
No sobrado, além da pizzaria, da farmácia e do pequeno restaurante, funcionava na parte dos fundos 11 quitinetes que estavam todas alugadas. Os moradores perderam tudo, como móveis, roupas e objetos de louça. O forro do teto também desabou. A costureira Marlene, que mora em uma das quitinetes, disse que ouviu uma explosão e viu tudo vindo abaixo. “O teto caindo. Só deu tempo de a gente ligar para a polícia, pedir ajuda e o Corpo de Bombeiros na mesma hora chegou e retirou [a gente].
Outro morador, Davi Alves de Souza, que mora na vila de quitinetes com a mulher Ana Maria Dias, de 63 anos, e uma filha do casal, contou como tudo aconteceu. “Eram 3h da madrugada mais ou menos. A gente acordou com um estrondo muito forte. A casa foi desabando em cima da gente, foi caindo o telhado. A gente viu fogo. Pulei em cima dela [a mulher] para protegê-la. Minha filha foi protegida por uma telha de alumínio que caiu sobre ela. Nós ficamos ilhados porque a nossa quitinete é a última, fica lá atrás e não tinha como a gente sair. Os bombeiros foram pelo outro lado e nos resgataram”, disse.
Agência Brasil