Até 21 de novembro de 2015, foram notificados 739 casos suspeitos de microcefalia, identificados em 160 municípios de nove estados do Brasil, de acordo com a segunda edição do informe epidemiológico sobre microcefalia, divulgado nesta terça-feira (24). O governo permanece realizando todos os esforços para monitorar e investigar, de forma prioritária, o aumento do número de casos de microcefalia no país.
O estado de Pernambuco mantem-se com o maior número de casos (487), sendo o primeiro a identificar aumento de microcefalia em sua região e que conta com o acompanhamento de equipe do Ministério da Saúde desde o dia 22 de outubro. Em seguida, estão os estados de Paraíba (96), Sergipe (54), Rio Grande do Norte (47), Piauí (27), Alagoas (10), Ceará (9), Bahia (8) e Goiás (01). Entre o total de casos, foi notificado um óbito suspeito no estado do Rio Grande do Norte. Este caso está em investigação para definir a causa da morte.
GRUPO INTERMINISTERIAL – Com o objetivo de unir esforços contra a doença e o mosquito Aëdes aegypti, responsável por transmitir dengue, chikungunya e Zika, e dar maior agilidade às investigações, o Ministério da Saúde acionou, na última semana, o Grupo Estratégico Interministerial de Emergência em saúde Pública de Importância Nacional e Internacional (GEI-ESPII). O grupo, que reúne 19 órgãos e entidades, foi instituído em decreto da Presidência da República de 06 de dezembro de 2010, com o objetivo de acompanhar e propor medidas de emergência em saúde pública. O mecanismo é utilizado em casos de emergências em saúde pública que necessitem o emprego urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública.
A investigação dos casos está sendo realizada pelo Ministério da Saúde de forma integrada com as secretarias estaduais e municipais de saúde, com o apoio de instituições nacionais e internacionais. Comitês de especialistas apoiarão o Ministério da Saúde nas análises epidemiológicas e laboratorial, bem como no acompanhamento dos casos.
Desde o surgimento dos casos, o Ministério da saúde tem enviado às secretarias estaduais de saúde orientações sobre o processo de notificação, vigilância e assistência às gestantes e aos bebês acometidos pela microcefalia. Essas informações serão constantemente atualizadas.
Ainda não é possível ter certeza sobre a causa para o aumento de microcefalia que tem sido registrado nos nove estados. Todas as hipóteses estão sendo minuciosamente analisadas pelo Ministério da Saúde e qualquer conclusão neste momento é precipitada. As análises não foram finalizadas e, portanto, continuam em andamento.
O Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz da Fiocruz/RJ participa das investigações e concluiu, no dia 17 de novembro, diagnósticos que constataram a presença do genoma do vírus Zika em amostras de duas gestantes da Paraíba, cujos fetos foram confirmados com microcefalia através de exames de ultrassonografia. O material genético (RNA) do vírus foi detectado em amostras de líquido amniótico, com o uso da técnica de RT-PCR em tempo real.
Apesar de ser um achado científico importante para o entendimento da infecção por Zika vírus em humanos, os dados atuais não permitem correlacionar inequivocamente, de forma causal, a infecção pelo Zika com a microcefalia. Tal esclarecimento se dará por estudos coordenados pelo Ministério e outras instituições envolvidas na investigação das causas de microcefalia no país.
O fato já foi comunicado à Organização Mundial de Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde, conforme os protocolos internacionais de notificações de doenças.
Aos gestores e profissionais de saúde, o Ministério da Saúde orienta que todos os casos de microcefalia sejam comunicados imediatamente por meio de um formulário eletrônico. Também que sejam reforçadas as ações de prevenção e controle vetorial em áreas urbanas e peri-urbanas, conforme estabelecido nas Diretrizes Nacionais de Programa Nacional de Controle da Dengue.
GESTANTES – É importante que as gestantes mantenham o acompanhamento e as consultas de pré-natal, com a realização de todos os exames recomendados pelo médico. O Ministério da Saúde reforça ainda a orientação de não consumirem bebidas alcoólicas ou qualquer outro tipo de drogas, não utilizar medicamentos sem orientação médica e evitar contato com pessoas com febre ou infecções.
É importante também que as gestantes adotem medidas que possam reduzir a presença de mosquitos transmissores de doença, com a eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de mosquitos, como manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar repelentes permitidos para gestantes.
A microcefalia não é um agravo novo. Trata-se de uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Na atual situação, a investigação da causa é que tem preocupado as autoridades de saúde. Neste caso, os bebês nascem com perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 cm. Esse defeito congênito pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como as substâncias químicas, agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação.
CASOS DE MICROCEFALIA EM INVESTIGAÇÃO
ESTADO |
N° DE CASOS/2015 |
PERNAMBUCO |
487 |
PARAÍBA |
96 |
SERGIPE |
54 |
RIO GRANDE DO NORTE |
47 |
PIAUÍ |
27 |
ALAGOAS |
10 |
CEARÁ |
9 |
BAHIA |
8 |
GOIÁS |
1 |
CASOS DE MICROCEFALIA NOTIFICADOS POR ANO NOS NOVE ESTADOS
UF |
2010 |
2011 |
2012 |
2013 |
2014 |
Pernambuco |
7 |
5 |
9 |
10 |
12 |
Paraíba |
6 |
2 |
3 |
5 |
5 |
Sergipe |
3 |
1 |
2 |
0 |
2 |
Rio Grande do Norte |
2 |
2 |
4 |
0 |
1 |
Piauí |
1 |
0 |
4 |
4 |
6 |
Alagoas |
3 |
7 |
2 |
3 |
2 |
Ceará |
8 |
4 |
9 |
5 |
7 |
Bahia |
12 |
13 |
7 |
14 |
7 |
Goiás |
3 |
4 |
3 |
2 |
3 |
CASOS DE MICROCEFALIA NOTIFICADOS POR ANO NO BRASIL
|
2010 |
2011 |
2012 |
2013 |
2014 |
Brasil |
153 |
139 |
175 |
167 |
147 |