As equipes de busca por vítimas do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão em Brumadinho (MG) têm concentrado suas buscas nas áreas onde foi encontrado um segundo ônibus submerso na lama e no local das instalações do refeitório da Vale. Segundo o tenente do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, Pedro Aihara, cerca de 30 militares brasileiros e 100 homens das forças de Israel estão incumbidos das buscas nos dois locais. O restante da equipe trabalha em outros 14 pontos de busca. A estimativa é de que sejam encontradas vítimas em um raio entre 800 metros e 1 quilômetro do refeitório.
Vítimas
Pelo último levantamento, há 288 pessoas desaparecidas. De acordo com ocoronel Borges, o número de 65 mortos deve aumentar. Do total de vítimas fatais, 31 já foram identificadas, sendo 18 funcionárias da Vale. Durante a coletiva de imprensa, as autoridades destacadas para a missão informaram ainda que, até o momento, 390 pessoas foram localizadas.
Perguntado sobre supostas inconsistências no número de vítimas, Borges pontuou ser normal, considerando que as listas passam por atualizações, conforme as buscas e as conferências dos nomes avançam. Por isso a preferência por divulgá-la ao final do dia, para evitar que as informações se desencontrem.
Em coletiva de imprensa, Aihara destacou que os aparatos israelenses têm se mostrado úteis para as equipes que atuam em Brumadinho, contribuindo para o mapeamento do sinal de telefones celulares e no reconhecimento de vestígios de edificações. Materiais como concreto e ferro, por exemplo, oriundos de imóveis, seriam capazes de sinalizar uma maior probabilidade de haver corpos de vítimas nas proximidades, explicou.
"Há um outro recurso: drones ligados a satélites, que auxiliam no mapeamento da área atingida. A partir das coordenadas, podemos fazer um georreferenciamento e, com a colaboração de pessoas que estão lá em Israel, determinamos de onde e aonde atingidos foram deslocados", complementou.
O tenente também alertou para o respeito às regras do espaço aéreo na região, uma vez que drones não autorizados estariam atrapalhando as equipes de resgate. Um homem que utilizava o equipamento de forma irregular foi identificado e será responsabilizado com a ajuda da Força Aérea Brasileira (FAB).
Internet
O governo de Minas Gerais informou que irá distribuir, a partir das 16h, 300 chips para telefone celular às famílias cujos parentes estão desaparecidos em decorrência do rompimento da barragem. Segundo o chefe do Gabinete Militar de Minas Gerais, coronel Evandro Geraldo Borges, as famílias poderão utilizar os chips de celular para contatos com as autoridades, busca de informações e dados.
Os interessados poderão obter o material no Espaço de Conhecimento em Brumadinho. O pedido pode ser feito também por um familiar da vítima, mediante comprovação do grau de parentesco. Cada família terá direito a um chip para o uso de dados. Segundo o coronel, um serviço de conexão wi-fi também tem sido disponibilizado à comunidade atingida.
Vale responderá a ações coletivas nos EUA
Uma ação coletiva contra a Vale foi aberta na Corte de Nova York pelo escritório de advocacia Rosen Law Firm em função da tragédia em Brumadinho. O escritório americano diz que o processo “busca recuperar os danos para os investidores da Vale segundo as leis federais de valores mobiliários”.
Podem entrar na ação coletiva todos que investiram na companhia brasileira entre 13 de abril de 2018 a 28 de janeiro deste ano. O escritório de Nova York disponibilizou um site, um número com ligação gratuita e um e-mail com endereço de dois advogados para que os interessados busquem informações sobre como entrar na ação coletiva.
Os advogados acusam a Vale de não ter avaliado o potencial de risco de uma das barragens da mina de ferro do Córrego do Feijão em Brumadinho (MG), que acabou causando a morte de dezenas de pessoas e o desaparecimento de centenas.
O escritório Bronstein, Gewirtz & Grossman, também de Nova York, também pretendem abrir uma ação coletiva para ver se a Vale e seus diretores violaram leis federais de valores mobiliários. A queda de 8% das ações da companhia brasileira na bolsa de valores de Nova York e o bloqueio de US$ 1,3 bilhão para possíveis pagamentos de danos nos futuros são, segundo o escritório, motivos para o processo.