“Não posso ver minha autoridade confrontada por qualquer ministro”

Em pronunciamento à imprensa nesta tarde, o presidente Jair Bolsonaro respondeu críticas do ex-ministro Sérgio Moro

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Procurando dar um tom emocional ao seu pronunciamento à imprensa, e construindo uma narrativa de que foi traído, o presidente Jair Bolsonaro escalou todo o seu ministério para rebater na tarde desta sexta-feira, as críticas e acusações de Sérgio Moro, que demitiu-se do governo durante a manhã.

O presidente negou, que tenha tentado fazer qualquer intervenção na Polícia Federal, conforme acusou mais cedo o ex-ministro ao deixar o cargo. Sobre as acusações de Moro, Bolsonaro se disse decepcionado. "Não chorei, mas fiquei muito triste”. "Uma coisa é admirar uma pessoa, outra é conviver com ela", avaliou no começo de sua fala. Também disse que, logo cedo, afirmou a ministros que, às 11h, hora do pronunciamento de Moro, eles conheceriam quem não o quer na cadeira de presidente.

Bolsonaro defendeu seu direito de indicar o diretor da PF e ressaltou que "autonomia não é soberania". Ainda segundo o presidente, na quinta-feira, Moro disse que queria indicar o substituto de Maurício Valeixo na PF. "Eu disse, vamos conversar. Por que tem de ser um nome seu e não meu?".

Jair Bolsonaro acusou Sergio Moro de pedir para segurar a troca de Maurício Valeixo até novembro, depois que fosse indicado para o Supremo. “Ele me disse que eu poderia trocar o diretor-geral, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o supremo tribunal federal.” Jair Bolsonaro acusou a PF de não fazer o suficiente para investigar quem mandou matá-lo. “A PF de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle (Franco) do que com seu chefe supremo”, disse o presidente. “Entre o meu caso e o da Marielle, o meu está muito menos difícil de solucionar”, acrescentou Bolsonaro.

O pronunciamento Bolsonaro veio horas depois do Ministro da Justiça e Segurança Pública pedir demissão. Nesta manhã Sergio Moro, pediu demissão do cargo, deixando o governo do presidente Jair Bolsonaro após quase 16 meses à frente da pasta. Ao anunciar sua decisão, Moro lamentou ter que reunir jornalistas e servidores do órgão em meio à pandemia do novo coronavírus para anunciar sua saída, mas esta foi “inevitável e não por opção minha”.

Durante o seu pronunciamento à imprensa, Moro afirmou que pesou para sua decisão o fato de o governo federal ter decidido exonerar o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo. O decreto de exoneração foi publicado hoje (24), no Diário Oficial da União. É assinado eletronicamente pelo presidente Jair Bolsonaro e por Moro, e informa que o próprio Valeixo pediu para deixar o comando da corporação.

O ministro, no entanto, afirmou que não assinou o decreto e que o agora ex-diretor-geral da PF não cogitava deixar o cargo. “Não é absolutamente verdadeiro que Valeixo desejasse sair”. Para o ministro, a substituição do diretor-geral, sem um motivo razoável, afeta a credibilidade não só da PF.

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