Desocupação cresce e país soma 12,3 milhões de desempregados

A pesquisa do IBGE também revela dados sobre a Covid-19 no país

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A população ocupada caiu para 81,5 milhões (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)A população ocupada caiu para 81,5 milhões (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
A população ocupada caiu para 81,5 milhões (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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A taxa de desocupação no Brasil subiu de 12,4% para 13,1% em julho, atingindo 12,3 milhões de pessoas. Mais 438mil trabalhadores ficaram sem emprego, na comparação com junho. Com isso, a população ocupada reduziu para 81,5 milhões de trabalhadores. Os dados são da PNAD COVID19 mensal, divulgada hoje (20) pelo IBGE.

Entre os ocupados, cerca de 3,2 milhões estavam sem a remuneração do trabalho, o que representa 32,4% do total de pessoas afastadas do trabalho. No mês anterior, quase metade dos afastados (48,4%) ficou sem remuneração.

Ainda entre 9,7 milhões que estavam afastados do trabalho, 6,8 milhões estavam nessa situação devido ao distanciamento social, queda de 42,6% em relação ao total de pessoas afastadas em junho. “Isso corresponde a menos da metade das pessoas que estavam afastadas em maio, quando a pesquisa começou. Elas retornaram ao trabalho ou podem ter sido demitidas”, explicou a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

No grupo dos não afastados do trabalho, 11,7% da população ocupada estava trabalhando de forma remota. O número representa 8,4 milhões de trabalhadores.

Auxílio emergencial

No mês passado, 30,2 milhões de domicílios brasileiros, ou 44,1% do total, receberam algum auxílio emergencial relacionado à pandemia. Isso corresponde a mais 813 mil lares beneficiados, na comparação com junho.

O percentual de domicílios recebendo o auxílio aumentou em todas as grandes regiões, sendo os maiores no Norte (60,6%) e Nordeste (59,6%). No Sul, 30,9% dos lares receberam o benefício.

Empréstimos

Em cerca de 4 milhões dos domicílios (5,9%) algum morador solicitou empréstimo para enfrentar a pandemia, mas em 762 mil, o empréstimo não foi concedido. Foram atendidos cerca de 82% dos domicílios em que algum morador solicitou empréstimo.

“Entre os que solicitaram e não conseguiram empréstimo, 59,2% pertencem as duas classes de rendimento mais baixas, que recebem menos de um salário mínimo”, observa Maria Lúcia.

A maior fonte de empréstimos foram os bancos e outras instituições financeiras (75,7%). Os demais conseguiram empréstimo com amigos ou parentes.

Covid-19

Cerca de 13,3 milhões de pessoas (6,3% da população) realizaram algum teste para diagnóstico da Covid-19 até julho. Desse total, 20,4% testaram positivo para a doença causada pelo novo coronavírus.

“Os testes foram realizados por homens e mulheres na mesma proporção (6,2% e 6,4%, respectivamente), mas, principalmente, por pessoas de 30 a 59 anos de idade (9,1%). Quanto maior o nível de escolaridade e a renda, maior foi o percentual de pessoas que fez algum teste”, acrescentou Maria Lúcia. O Rio Grande do Sul está entre os estados que realizou menos testes, com o percentual de 4,5%%.

Comorbidades

A pesquisa também constatou que 47,2 milhões de pessoas tinham alguma comorbidade que pode agravar o quadro clínico de um paciente com a Covid-19. Hipertensão foi a mais frequente (12,8%). As outras foram asma, bronquite ou enfisema (5,7%); diabetes (5,3%); depressão (3,0%); doenças do coração (2,7%) e câncer (1,1%).

Isolamento social

Em julho, 4,1 milhões de pessoas não tomaram nenhuma medida restritiva de isolamento para evitar o contágio pelo coronavírus. Já 64,4 milhões reduziram o contato físico, mas continuaram saindo de casa, enquanto 92,0 milhões ficaram em casa e só saíram em caso de necessidades básicas. Cerca de 49,2 milhões, ou 23,3% da população, ficaram rigorosamente isolados.

“Essas medidas mais restritivas de isolamento foram seguidas, sobretudo, pelas mulheres, crianças até os 13 anos e idosos. Cerca de 84,5% dos idosos ficou rigorosamente em casa ou só saiu em caso de necessidade”, disse a coordenadora da pesquisa.

Estudantes

A PNAD COVID19 também verificou que 8,7 milhões de estudantes que frequentavam escola ou universidade, na faixa etária dos 6 aos 29 anos, não tiveram nenhuma atividade escolar em julho, isso corresponde a 19,1% do total. Já 72,0% dos estudantes, ou 32,6 milhões, tiveram atividades escolares. O restante (8,9%) estava de férias no período.

Entre os 45,3 milhões de estudantes, 60,5% frequentavam o ensino fundamental, 21,1% o ensino médio e 18,4% do ensino superior.

“A pesquisa mostra grandes diferenças entre as regiões do país. No Norte, quase 40% dos estudantes do ensino fundamental e quase metade dos do ensino médio ficaram sem atividades escolares em julho. Por outro lado, no Sul, 91,7% dos que estavam no fundamental e quase 90% dos do ensino médio realizaram atividades escolares. Quanto menor a renda da família, maior o percentual de estudantes que não tiveram atividades escolares durante a pandemia”, observa Maria Lúcia Vieira.

Máscara e itens de higiene

Em julho, quase todos os 68,5 milhões de domicílios tinham itens básicos de higiene e proteção contra a Covid-19, como sabão ou detergente para higienizar as mãos (99,6%), máscara (99,3%) e água sanitária ou desinfetante (98,1%) para limpeza da casa.

O álcool 70%, indicado para uso contra o vírus, estava presente em 95,8% dos domicílios. Já as luvas descartáveis em somente 43,2% dos lares. Esses dois itens eram menos comuns nas casas de menor renda e nas regiões Norte e Nordeste.

Sintomas conjugados

Caiu para 2,1 milhões o número de pessoas que se queixaram de sintomas conjugados relacionados à síndrome gripal e que podiam estar associados à Covid-19: perda de cheiro ou sabor (1,8 milhão de pessoas); febre, tosse e dificuldade de respirar (666 mil); e febre, tosse e dor no peito (540 mil). Em junho, eram 2,4 milhões com sintomas conjugados.

Em julho, 1,3 milhão de pessoas, entre aquelas que apresentaram algum dos sintomas conjugados, procuraram atendimento em estabelecimento de saúde, 200 mil a mais que o mês anterior. A maioria dessas pessoas (75,7%) procurou atendimento em estabelecimentos do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao todo, 71 mil ficaram internadas em hospitais.


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