Glenda Mendes/ON
A falta de leitos para a internação de dependentes químicos é uma das chagas que vivem as famílias que enfrentam problemas de drogadição. Não fosse viver um problema que atinge cada vez um número maior de adolescentes, jovens e adultos, ainda existe uma grande dificuldade quando saem em busca de tratamento. Na verdade, quando decidem pelo tratamento, somam um problema ao outro.
Atualmente o município financia 30 vagas em casas de recuperação, sendo 15 no Centro de Recuperação Maanain e 15 na Casa Vita. Além destas vagas, seis leitos do Hospital Municipal são destinados aos pacientes em desintoxicação pelo uso de drogas. Outras vagas, estas em número variável, podem ser conseguidas no Hospital Psiquiátrico Bezerra de Menezes.
Contudo, um levantamento feito pela reportagem de ON constatou que todas estão ocupadas. De outro lado, segundo a Secretaria de Cidadania e Assistência Social (Semcas), existem mais de 30 pessoas em fila de espera. Sem contar que as duas casas com as quais o município mantém convênio não fazem a internação de meninas e mulheres.
Um cadastro mantido pela Semcas aponta para a existência de, pelo menos, 630 famílias com problemas de drogadição em Passo Fundo. Este cadastro não contém, por exemplo, as outras tantas famílias que não procuram atendimento na Secretaria e buscam tratamento e internação em casas de recuperação particulares e até mesmo fora do município. Este problema crescente, atende, principalmente, por um nome, uma causa: crack.
“Capacidade esgotada”
A expressão utilizada pelo secretário municipal de Cidadania e Assistência Social, Adriano José da Silva: “capacidade esgotada”, define claramente a situação do atendimento público aos usuários de drogas. Tanto Maanaim quanto Casa Vita, com as quais o município mantém convênio estão com as vagas esgotadas. “Temos hoje cadastradas 630 famílias em situação de drogadição em Passo Fundo. A fila de espera para internação passa de 30 pessoas”, salienta o secretário.
No momento, a negociação para manter os convênios é um dos assuntos mais importantes na secretaria. Depois disso, é preciso avaliar a disponibilidade financeira do orçamento municipal para atender as pessoas que estão na lista de espera. “No Hospital Municipal está sendo feita uma ala para o atendimento dessas pessoas, financiado pelo governo do estado em parceria com o município. Nossa expectativa e esperança é que essas novas vagas no Municipal possam amenizar a necessidade de atendimento a estas pessoas que caíram na vida da droga”, ressalta Silva.
Mas antes de procurar a Semcas, as famílias devem procurar o Centro de Atendimento Psicossocial – Álcool e Drogas (Caps-AD), que é outro órgão mantido pelo governo municipal para o atendimento a dependentes químicos. No entanto, não se trata de um local para internações, mas para atendimento terápico, que representa a saída para muitos dependentes. É através do Caps-AD que acontecem os encaminhamentos para internações.
A situação de lotação das vagas fez com que se realizasse uma reunião entre Semcas, equipe técnica e representantes da Maanaim e Casa Vita, na tentativa de apontar alternativas. Dentre elas, o envolvimento da comunidade e o conhecimento desta realidade fizeram parte das discussões.
Entretanto, o número de usuários aumenta todos os dias e faz aumentar também a quantidade de locais onde se traficam drogas, além da violência e da criminalidade, pois hoje em dia são comuns os registros de drogaditos envolvidos em roubos e furtos. Porém, a triste constatação é que a rede de atendimento não consegue crescer na mesma proporção que os usuários de drogas.