Cerca de 50 índios caigangues, entre eles 35 crianças, deixaram neste final de semana a área que invadiram, há pelo menos três anos, na margem do rio Passo Fundo, ao lado da estação rodoviária. A desocupação só aconteceu pela atitude pessoal do proprietário do terreno ao lado do rio, que pretendia ampliar o galpão da transportadora que mantém naquela rua. O empresário entrou em acordo com os indígenas, bancando o frete e a viagem de todos até o município de Charrua, onde está localizada a aldeia de origem do grupo. Um caminhão carregado com móveis e objetos de valor das famílias partiu no sábado, sendo seguido por um ônibus lotado de pessoas.
A condição subumana a que estavam expostos os índios, principalmente as crianças, foi denunciada diversas vezes por O Nacional. Os pequenos brincavam e comiam em meio a imundície do rio, geralmente de pés descalços, e além disso ficavam expostos aos perigos da rua, bastante movimentada devido ao trânsito da rodoviária. Quando procurada, a Funai (Fundação Nacional do Índio), informou que não poderia forçar a saída daquelas pessoas do local, e que elas estavam ali apenas de passagem.
Imundície deixada no rio
Quem passar pelo local onde antes estavam montadas as cerca de oito barracas de lona dos índios só vai encontrar sujeira. Moradores atearam fogo nos materiais deixados no local na tentativa de diminuir o odor e limpar a área. Chama atenção as roupas jogadas para dentro do rio Passo Fundo. Até mesmo colchões (pelo menos quatro) foram lançados na água, ficando depositados sob a ponte.