O desafio de continuar

Voluntários e famílias atendidas pela Pastoral da Criança em Passo Fundo prometem lutar pela permanência dos programas mesmo após a morte da fundadora e coordenadora, Zilda Arns, na tragédia que destruiu o Haiti no início do mês

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Texto e foto:
Daniela Wiethölter/ON


“Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, deveríamos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los.”

Era com esta frase que Zilda Arns, médica pediatra e sanitarista, coordenadora de um dos melhores e maiores projetos da sociedade organizada, Pastoral da Criança, planejava encerrar a sua palestra no Haiti, quando o terremoto que destruiu o país no dia 14 de janeiro atingiu o local em que estava, causando a sua morte. Apesar do seu fim, o trabalho que a Dra. Zilda criou e promoveu por todo o Brasil e em mais de 20 países, vai permanecer como legado a mais de 260 mil voluntários que trabalham no combate a desnutrição infantil.

Em Passo Fundo, a Pastoral da Criança atua há 26 anos e, com aproximadamente 100 voluntários, promove medidas básicas simples e capazes de salvar crianças da desnutrição e da morte, como por exemplo a educação alimentar e nutricional para as grávidas e seus filhos, a amamentação materna, as vacinas, o soro caseiro, o controle nutricional, além dos conhecimentos sobre sinais e sintomas de algumas doenças respiratórias e como as prevenir.

Histórias de gratidão

Nicolas, Natali, Gabrieli estão entre as mais de 3 mil crianças passo-fundenses, de zero a 6 anos, que se somam a milhões de pequenos brasileiros salvos da desnutrição pela Pastoral da Criança. Nicolas de Moura, de apenas um mês de idade, cresce forte ao lado da irmã Natali, de 4 anos. Os filhos da empregada doméstica, Vera Lúcia de Moura, são acompanhados mensalmente pelas voluntárias da Pastoral da Criança no bairro Valinhos. “Nas visitas eu aprendo muito e vejo como é importante para o desenvolvimento dos meus filhos as dicas que elas nos passam”, conta Vera.

Cada grama que uma das crianças acompanhadas pela Pastoral ganha, recebe um pouco mais de esperança no combate à desnutrição. Há mais de um ano recebendo o apoio da organização, Vera reconhece que o incentivo e insistência da voluntária Idiolene Corrêa está ajudando seu filho a crescer e desenvolver com mais saúde. “Eu sofri muito no início da amamentação, porque meu peito doía muito. Pensei em desistir diversas vezes, mas a Dona Idiolene me garantiu que o melhor para o meu filho era o leite materno e que as dores logo iriam passar”, conta Vera.

Assim como a mãe Vera, a avó de Gabrieli, de quatro anos, Zoraide da Silva Valendorf, também é muito grata pelos ensinamentos repassados nas visitas que são realizadas na sua residência todos os meses. “Elas acompanham o crescimento da minha neta, as consultas médicas, o calendário de vacinação e toda a alimentação”, conta a avó orgulhosa.

A matéria completa na edição de ON desse final de semana (30-31)

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