Redação ON
A Caixa Econômica Federal anunciou ontem que as lotéricas de todo o país estão proibidas de organizar bolões de apostas. De acordo com a assessoria de imprensa da instituição, esse tipo de procedimento nunca foi autorizado e a ação não é reconhecida oficialmente pelo banco. Quem descumprir a determinação poderá ser advertido.
Em caso de reincidência, a casa pode ter o sistema suspenso provisoriamente. E, ainda, se algum cliente for lesado, a lotérica pode ser fechada. O anúncio foi feito depois da repercussão que ganhou o escândalo envolvendo 40 apostadores de um bolão vencedor, em uma autorizada da Caixa de Novo Hamburgo. A aposta não foi registrada pela lotérica e os “vencedores” ficaram sem o prêmio.
Em Passo Fundo, porém, as duas lotéricas visitadas pela reportagem de ON continuavam oferecendo o serviço na tarde desta terça-feira. A alegação dos responsáveis é que ainda não haviam recebido nenhuma notificação sobre a proibição.
Contudo, o superintende regional da Caixa, Rubem Valter Grams, explica que, para a Caixa, os bolões nunca foram autorizados. Ele diz que a atividade foi criada pelas próprias lotéricas e que o apostador não deve nunca confiar em bolão. “O apostador deve confiar sim no sistema de loterias da Caixa, mas não nesses bolões oferecidos. Além disso, o lotérico deve seguir a determinação da Caixa de não oferecer este serviço”, afirma Grams.
Quem concorda com a determinação é o apostador Jurandir Vani, que já não confiava em bolões. Depois do escândalo de Novo Hamburgo, ele aboliu de vez a participação nos jogos. Contudo, afirma que não vai deixar de fazer a sua “fézinha” semanal. “Vou continuar apostando, mas escolhendo os números e preenchendo com minhas próprias mãos”, disse ele, que gasta em média R$ 10 com apostas na Mega Sena.
Golpe em Novo Hamburgo
A polêmica dos bolões foi levantada depois da suspeita de golpe em uma lotérica de Novo Hamburgo. Um grupo de 40 apostadores realizou um bolão, ofertado pela casa, e acertou as seis dezenas do sorteio de R$ 52 milhões da Mega-Sena, realizado no último sábado (20). Elas receberiam, cada, cerca de R$ 1,3 milhão. Contudo, para o azar dos mesmos a Caixa informou que não havia sido realizada nenhuma aposta com esses números e que o prêmio estava novamente acumulado.
O caso está sendo investigado pela Polícia Federal. A lotérica envolvida foi proibida de realizar qualquer transação em nome da Caixa. Suspeita-se que o proprietário agiu com má fé ao não registrar o bolão dos apostadores, em um crime que se configura como estelionato.