Remodelação da ferrovia é irreversível

Audiência pública teve representantes de municípios da região, empresas e consolidou a mobilização de Passo Fundo pela inserção oficial na rota da Ferroeste

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Raquel Vieira ON

O ingresso oficial de Passo Fundo no traçado da ampliação da Ferroeste e a criação da Ferrosul dependem do Plano Nacional de Viação, porém a implementação do projeto é irreversível. As afirmações são do presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, que esteve palestrando em Passo Fundo ontem. As tratativas para inclusão do projeto no plano estão de vento em popa e terão ainda o auxílio da bancada gaúcha no Congresso Nacional. Isso porque o deputado federal Beto Albuquerque (PSB) deve ser o relator em uma das comissões nas quais a implementação da ferrovia será analisada nos próximos dias. Gomes comemora essa conquista.
O fato é que nenhuma ferrovia pode ser construída no Brasil sem ter a autorização do Plano Nacional de Viação e isso deve acontecer depois da tramitação legislativa. A ideia inicial do governo federal era que o trajeto partisse de Panorama, em São Paulo, vindo em direção ao sul. Além disso, no traçado inicial da rota gaúcha constava um trecho para o litoral. Porém, a direção da Ferroeste pensa que deve se passar pelo interior do Estado, que é onde entra Passo Fundo como uma das alternativas. Assim a ferrovia sairia de Panorama, passaria por Maringá (PR), seguiria por Campo Mourão (PR), onde está a maior cooperativa da América Latina - Coamo -, chegaria a Chapecó (SC), depois passaria por Erechim, Passo Fundo e até Rio Grande (RS). As outras duas alternativas estão com menos força no projeto. "Passo Fundo é um caminho natural, porque aqui passaram os tropeiros. Além disso, a cidade está no centro do Estado, é um polo. Seria natural sua inserção, mas a decisão é técnica a longo prazo", afirma.
Outra notícia boa anunciada pelo presidente é que a Ferroeste está contratando a melhor instituição de transporte e logística do Sul do brasil, que é a Federal de Santa Catarina, para fazer um plano de macrologística da região Sul, incluindo ferrovias, rodovias e hidrovias. Isso desenha os cenários e em setembro se poderá dizer de que forma haverá redução de custos e qual o percentual dessa economia. "Teremos indicadores claros dos resultados da ampliação, depois de pronta", explicou.
Conforme ele, os estados de Mato Grosso, Santa Catarina e do Rio grande do Sul estão trabalhando nos projetos de lei para a formalização de sociedade com a Ferroeste. Só depois desse documento assinado é que passa a se chamar Ferrosul, através de um acordo de acionistas. "A formalização deve acontecer na reunião do Codesul, em Florianópolis, marcada para março. Depois disso nos fortalecemos mais ainda", garante.
Sobre os custos da obra, as novidades são de que além da iniciativa privada, há bancos chineses e fundos europeus de pensão interessados em custear a construção de remodelação da ferrovia, com a colocação dos trilhos de bitola larga. Apenas no RS são 550 quilômetros de trilhos que precisam ser colocados. "A ferrovia poderá se pagar com a própria receita e o custo será compensado em aproximadamente 20 anos, como em qualquer projeto de infraestrutrura. Mas ainda temos a expectativa de inserção no PAC 2", afirmou.
Perguntado sobre a influência das mudanças de governo, devido à eleição de outubro, e a intervenção política nas tratativas, Samuel foi incisivo ao afirmar que não há como voltar atrás. "O projeto é concreto e irreversível, independente de calendário eleitoral. Não tem cabimento não sair do papel. Tenho andado muito por esses quatro estados e não vejo qualquer pessoa contra. A ferrovia é sinônimo de desenvolvimento", argumentou.

Lideranças
Participaram da audiência representantes de mais de 40 entidades, incluindo BSBios, Sicredi e demais empresas de grande porte. Além disso, a expectativa de abrangência regional confirmou-se e contou com prefeitos de Marau, Coxilha, Carazinho, Nonoai e diversas outras cidades vizinhas.
O presidente da Acisa, Dimas Froner, foi o primeiro a se pronunciar na audiência pró-Ferrosul. Ele disse que é empresário da malha de transporte rodoviário e admitiu que tem recebido críticas do setor que representa. Dimas garantiu que a classe não pode ter nada a temer porque o caminhão não será substituído pelo trem, afinal cada um tem a sua importância.
O prefeito Airton Dipp disse que não vê o menor problema em conseguir apoio do governo federal para a instalação da ferrovia. Para ele, a extensão da ferrovia é a realização de um sonho, que precisa do apoio da iniciativa privada para se consolidar. "Estamos atrasados em mais de cem anos nas vias férreas e por isso é que somos parceiros nessa luta", afirmou.
O empresário Antonio Roso, da BSBios, Metasa e membro da diretoria da Fiergs também defendeu o projeto e disse que é salutar até mesmo se houver concorrência com o transporte rodoviário. "Temos hoje rodovias em péssimo estado. Tirando um pouco o trânsito pesado dessas estradas, vamos conseguir melhorar a qualidade das rodovias e até faremos um bem para os automóveis", comparou. Ele disse ainda que a Fiergs pode auxiliar na busca de apoio que o projeto precisa, em todas as instâncias.
O deputado petista Ivar Pavan chegou nesse momento ao Gran Palazzo para participar da audiência pró-Ferroeste. Ele representa o parlamento gaúcho. Pavan adianta que ainda neste mês a AL vai organizar um cronograma de atividades visando á mobilização pela extensão da ferrovia no Estado. Participou ainda o deputado estadual Gilmar Sossella (PDT).

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