Raquel Vieira/ON
Depois de oito dias de greve, trabalhadores da Coleurb retornam ao trabalho na manhã de hoje. Uma audiência no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) selou o acordo entre as duas partes, depois de uma proposta feita na quarta-feira pela desembargadora Maria Helena Malmann. Com isso os trabalhadores receberão 5% de reajuste salarial, ampliação da cesta básica e ainda estabilidade de 120 dias. Outro ponto acordado foi de não descontar os dias parados durante a greve.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Rodoviário, Gilberto Boeira, a classe cedeu em alguns aspectos para facilitar o entendimento e amenizar o conflito. "Inicialmente, queríamos 15%, depois 8% e agora chegamos em 5%. Além disso, a negociação dá margem para o retorno das atividades", disse ele. A greve terminou à meia-noite de quinta-feira e os trabalhadores retornam a seus postos hoje, às 5h30.
A diretora da Coleurb, Marineuza Machado pronunciou-se oficialmente depois de horas de conversação com os corpos jurídico, financeiro e funcional da empresa. Ela anunciou aceitar a proposta do Tribunal Regional do Trabalho com a condição de reduzir custos, inclusive alguns benefícios, como cestas de Natal, presentes para filhos de colaboradores no final do ano, auxílio para festas e ainda churrasco do Dia do Trabalho. "Tomamos a decisão na manhã de quinta-feira, em reunião on-line com o pessoal que estava em Porto Alegre. A decisão foi conjunta", disse ela.
Diante da proposta do TRT, a empresa vai aumentar a cesta básica de 5 para 10 quilos de arroz, açúcar e farinha e de duas para quatro latas de azeite.
10% de aumento mensalmente
Marineuza relembrou que a proposta de 5% foi cogitada em 11 de fevereiro, em uma iniciativa do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário, mas acabou não sendo aceita. "Se fossemos ficar exclusivamente com os números, não aceitaríamos porque matematicamente é inviável. Porém, o que ponderamos é que também precisávamos ceder, já que a categoria também cedeu", explicou. Segundo ela, o valor gasto com a folha vai aumentar 10% ao mês. Para os trabalhadores o aumento será de R$ 4,96% para os motoristas e de R$ 3,12% para os cobradores, mensalmente. "Entramos em uma fase de readequação operacional e de manutenção para tentar precisar o mínimo possível de dinheiro de fora. Mesmo assim, talvez com índice reduzido, vamos necessitar de um empréstimo", disse a diretora.
Marineuza reconheceu que diante do episódio, de oito dias de greve, saíram lições. Na avaliação dela, um duro e grande aprendizado, para as duas partes, inclusive para o Executivo na hora de decretar o novo valor da tarifa. "Espero que quando for aberta outra negociação, as empresas de transporte coletivo sejam ouvidas, porque se a passagem tivesse sido aumentada para R$ 2,25 nada disso tinha acontecido", concluiu.
Motoristas e cobradores voltam ao trabalho normal
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