Glenda Mendes/ON
Além de estar na iminência de faltar água para o consumo dos animais, existe a impossibilidade de plantar a pastagem de inverno. Esse é o quadro no setor leiteiro da região. Contabilizando a última chuva significativa, em 16 de fevereiro, quando foram registrados 40 milímetros de chuva, produtores já começam a ficar preocupados com a estiagem. Isso porque a última chuva, em 27 de março, quando foram registrados 18 milímetros, não chegou a influenciar a situação. Dessa forma, quem vai ter de mexer no bolso será o consumidor, que deve esperar pelo aumento no preço do leite.
"Praticamente tivemos a última chuva boa no dia 16 de fevereiro. De lá para cá, só tivemos chuva de pouca intensidade", lamenta Claudio Dóro, engenheiro-agrônomo da Emater. De acordo com ele, a soja do tarde, que é plantada em dezembro, foi muito prejudicada pela falta de chuva no período crítico de enchimento do grão. "Essa é a soja que está sendo encerrada a colheita agora. A falta de umidade nesses últimos meses prejudicou a planta. Porém, nos meses de março e abril, em que se procedeu a colheita, a falta de chuva favoreceu, porque é preciso tempo seco para tirar o produto da lavoura. No aspecto de colheita, a falta de chuva foi muito boa", explica Dóro.
Sem plantar pastagem
De outro lado, a falta de chuva está deixando o solo bastante seco. O quadro impossibilita o plantio das pastagens de inverno. "A pastagem nativa está quase secando e falta água para plantar as típicas de inverno. Para a produção leiteira, a estiagem é extremamente nociva, até porque os níveis dos açudes baixaram também, ressalta o engenheiro-agrônomo.
A situação de falta de chuva, com um mês de abril ainda sem registros, está retardando o plantio das pastagens de inverno, principalmente da aveia. "Historicamente o pessoal colhe a soja e já planta a aveia. Mas este ano, pouca gente o fez, porque a terra está muito seca", explica. Para poder plantar, é preciso de uma chuva significativa, que possa umedecer o solo.
Leite mais caro
O quadro da agricultura já aponta para uma queda na produção leiteira. Se o gado não tem alimento de qualidade, o leite produzido não é o esperado. O resultado é pouca oferta e, consequentemente, preço mais alto para o consumidor. "A falta de chuva diminui a oferta de pastagem e a produção leiteira tem queda. Isso significa aumento de preço. Então essa seca tem um reflexo negativo no bolso do consumidor, que também está pagando mais caro por frutas e hortaliças", enfatiza Dóro.
Desde que o ano começou, o leite já teve aumento de 14,84%, segundo o índice medido pela cesta básica pesquisada pela Faculdade.
A matéria completa na edição de ON deste final de semana (17-18)
