Daniela Wiethölter/ON
A Sociedade União Israelita de Passo Fundo inaugurou na sexta-feira (23) um monumento em homenagem às vítimas do Holocausto. A iniciativa relembra os 65 anos do fim da 2ª Guerra Mundial e a morte de pelo menos 6 milhões de judeus que foram barbaramente torturados e assassinados.
A cerimônia aconteceu no Cemitério Israelita, no bairro Vera Cruz, com a presença de autoridades locais, membros da sociedade Israelita de Passo Fundo, o presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Henry Chmelnitsky, e ainda um dos sobreviventes do Holocausto, Max Wachsmann Schanzer, nascido na Polônia e que hoje reside em Porto Alegre.
Na homenagem, sete velas do menorah - candelabro que simboliza na cultura judaica os sete dias da semana - foram acesas por membros da Sociedade e Federação Israelita do Estado. O prefeito Airton Dipp e o bispo emérito de Passo Fundo, Dom Urbano José Allgayer, também participaram do ritual e acenderam uma vela judaica.
No discurso de inauguração, o presidente da Federação Israelita falou emocionado sobre o objetivo do monumento. "Queremos transmitir uma mensagem de otimismo para o futuro, sem segregação racial e preconceito", disse. O presidente lembrou falou também que o monumento construído em Passo Fundo é o único do interior do Estado. "Pessoalmente também é importante, pois meus pais viveram aqui muitos anos, num dos principais berços da colonização israelita no Estado", disse.
O sobrevivente Max Wachsmann Schanzer narrou um pouco de sua história, emocionando os presentes. "Perdi minhas referências, meus pais e minha irmã, que foram assassinados num campo de extermínio. Eu sequer era chamado pelo meu nome e sim por um número que me deram, 25.861. Eu era apenas uma criança com dez anos de idade. Vi muitas pessoas sendo torturadas e assassinadas, judeus que sequer sabiam por que estavam morrendo", disse Schanzer muito emocionado no seu discurso. Sobre o monumento, o sobrevivente também falou que o monumento faz uma homenagem também aos seus familiares.
Durante a inauguração, o prefeito Airton Dipp falou sobre a importância de manter sempre viva a história e que Passo Fundo se sente hoje lisonjeada prestando essa homenagem.
O monumento pode ser visitado pela comunidade em horários previamente agendados no endereço eletrônico www.sinagogapf.com.br
O projeto é assinado pela arquiteta Fernanda Baibich Melnick. Com três metros de comprimento e dois de altura, o monumento em forma de muro contém seis pilares com alturas variadas, simbolizando os 6 milhões de judeus que foram exterminados brutalmente durante o Holocausto, e uma parede ao centro simbolizando as paredes dos campos de concentração. Uma placa de granito traz uma mensagem do escritor Moacyr Scliar.
O monumento traz gravado um texto de Moacyr Scliar
"Dar testemunho não é apenas evocar os sombrios episódios do passado para evitar que se repitam. Dar testemunho é também homenagear as vítimas da barbárie. Guardião da História, o povo judeu cumpre o dever moral de alertar o mundo para os riscos da intolerância, do preconceito, do fanatismo. E, ao fazê-lo, honra a memória dos seis milhões de seres humanos que pereceram do Holocausto nazista. Seu martírio não foi em vão."