Prefeito admite reverter a inversão da Moron

Para que a mudança seja feita, porém, o chefe do Executivo pediu a comprovação das perdas por parte dos lojistas e a recontratação dos 14 funcionários demitidos no período

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A rua Moron pode voltar a ser como era há três meses, com sentido único e sem a interrupção no cruzamento com a rua General Netto. Tudo depende de um relatório que será apresentado na semana que vem pela Câmara dos Dirigentes Lojistas, apresentando possíveis perdas de faturamento por parte dos lojistas instalados naquele trecho. O estudo foi solicitado pelo prefeito Airton Dipp, em reunião na tarde dessa sexta-feira com os representantes do setor comerciário, como um dos requisitos para que a mudança seja repensada. A outra condição imposta pelo prefeito é a recontratação dos 14 funcionários, que teriam sido demitidos em função da queda no movimento depois que o sentido da Moron foi invertido.

Mesmo se mostrando contrariado, o prefeito fez questão de frisar que precisa colocar todas as informações na balança e pesar uma alternativa que possa atender à reivindicação dos lojistas, mas que não prejudique o trânsito. "O projeto do trânsito foi feito por técnicos da prefeitura e de empresas contratadas, e estamos convencidos de que é o melhor para Passo Fundo. Agora, vamos ter que equilibrar algumas dificuldades. Temos de botar na balança e também atender aos interesses econômicos, porque são eles que geram empregos, divisas, tributos e investimentos sociais. Mas, repito, do ponto de vista do trânsito, a mudança não vai ser boa", disse o prefeito.

Dipp solicitou um comparativo entre as consultas feitas ao SPC nos meses de março de 2009 - antes das mudanças - e março de 2010 - já com a Moron invertida. Além disso, o relatório terá de mostrar também o volume de consultas nos meses de outubro de 2009 e o mesmo mês de 2008. Isso porque, em setembro de 2009, foi inaugurada a segunda fase do Bella Città Shopping Center, o que, segundo o prefeito, pode ter contribuído para a redução nas vendas do comércio nas proximidades. "Queremos os comparativos das consultas que foram feitas ao SPC, porque é um fator diretamente proporcional ao faturamento e ao crescimento da empresa. Mas não podemos deixar de analisar que Passo Fundo vem crescendo permanentemente", argumentou o chefe do executivo.

Ele garantiu que, se o relatório comprovar as perdas, o município fará a mudança imediatamente. "Se esses índices apresentaram quedas, vamos imediatamente mudar a rua, mesmo que tenhamos que refazer boa parte do projeto do trânsito, já que estaremos contrariando o propósito de evitar o tráfego de veículos para aqueles que não tenham origem nem destino o Centro", assinalou o prefeito.

Dipp disse, porém, que mesmo que a Moron volte a ter o tráfego liberado, um novo estudo será feito ao final de 60 dias para comprovar que o movimento e as vendas voltaram a crescer para os lojistas.

 

Opinião do comércio

Segundo um documento apresentado pelos lojistas na reunião, 21 lojistas instalados na Moron foram consultados e apresentaram queda nas vendas, no comparativo entre março de 2009 e março de 2010. O estudo mostra redução no faturamento de, em média, 28,88%. No mesmo período, o número de consultas ao SPC, em todo o comércio de Passo Fundo, cresceu 2,33%.

Para o presidente da CDL, Roberto Estivallet, não há dúvidas de que a inversão da Moron provocou perdas para os comerciantes instalados. Ele considera que o trânsito melhorou na região central, mas que o prejuízo econômico é mais relevante para Passo Fundo. "Acreditamos até que o trânsito melhorou. Não estamos discutindo este aspecto. O que não podemos trabalhar é com prejuízo econômico e com demissões", disse.

Estivallet explicou que será feita a consulta detalhada de cada uma das lojas instaladas naquele trecho, além das que atuam nas duas quadras anteriores, desde a esquina com a rua Capitão Eleutério. "Temos de analisar também que, das 27 lojas daquela quadra, 26 são de empreendedores passo-fundenses, pessoas que investem aqui, que empregam aqui. Então precisamos preservar a saúde financeira dos nossos lojistas para que amanhã ou depois não tenham que fechar o seu negócio", frisou.

Já o presidente da Associação Mais Moron, Volmir Danielli, analisa que os reflexos da inversão da rua Moron vão além do comércio. "Prejudicou o trânsito na rua General Netto, que não tinha problemas. Prejudicou o trânsito na General Osório, que também era tranquila. Então tudo isso precisa ser revisto", disse.

 

 

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