Texto e foto: Raquel Vieira/ON
Natural de Jacutinga, mas com experiência em Porto Alegre e Brasília, Miriane Menegaz, de 32 anos, é a nova chefe da 8ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal. Ela assumiu ontem para comandar a regional a partir de Passo Fundo. Trata-se da primeira chefe de delegacia no Estado e terceira no país. Com pompa e demonstrando determinação acima de tudo, ela ingressou no concurso da PRF aos 23 anos, depois trabalhou como chefe de investigação na capital gaúcha e logo foi transferida para o Distrito Federal. Lá, por três anos e meio, foi assessora da chefia geral da instituição. A solenidade aconteceu na Câmara de Vereadores e contou com a participação de diversos inspetores regionais do Estado.
O superintendente da Polícia Rodoviária Federal do Rio Grande do Sul, José Altair Gomes, disse que é um desafio para a própria polícia colocar uma mulher comandando a equipe. No seu entendimento, não deve haver diferença entre o trabalho desempenhado pelo inspetor Everton Durante, que comandava a delegacia anteriormente. "É uma inovação. Ela tem demonstrado capacidade e agora deve atuar com competência", disse. Para o superintendente, um dos desafios da PRF no Estado é suprir o déficit de efetivo, implementar novas tecnologias e ainda trazer mais treinamento para os policiais. O secretário geral do Departamento da Polícia Rodoviária Federal, Helio Cardoso Darezze, veio de Brasília para acompanhar a solenidade e disse que a nova chefe da delegacia demonstrou habilidade suficiente quando esteve na capital federal, para exercer o cargo em Passo Fundo.
"Não estou aqui por acaso"
O Nacional - Como foi seu ingresso na polícia?
Miriane Menegaz - Formei-me em Direito e passei a fazer concursos. Em 2002 passei para a polícia e fui nomeada em 2003. Depois disso trabalhei na atividade operacional durante dois anos em Erechim. Em seguida assumi o Núcleo de Investigação da Corregedoria Regional em Porto Alegre. Em Brasília permaneci por três anos e meio como assistente do diretor geral. A função agora é diferente porque é mais operacional. Das 150 delegacias do país a maioria é chefiada por homens.
ON - Como você avalia essa nova função?
MM - É um desafio, porque os homens e as mulheres fazem o mesmo concurso, o mesmo treinamento e ganham o mesmo salário. Por isso acredito que não haverá diferença de comportamento. Acho interessante que a administração da PRF tenha essa sensibilidade de fornecer as mesmas funções para os dois sexos.
ON - Você acredita que vai ter dificuldade por ser jovem e por ser mulher em cargo de chefia de uma maioria masculina?
MM - A grande maioria do efetivo é formada por homens, existem apenas duas mulheres. Mas desde que entrei na polícia não enfrentei dificuldades com os colegas que são muito companheiros e colaboram com as chefias nas mais variadas áreas. A carreira da polícia tem uma hierarquia ou por tempo de serviço ou por nomeação, esse é o meu caso. Mas analisando os quadros dos últimos tempos não vejo problemas quanto à idade. Existem sim as diferenças físicas, porque a mulher tem mais sensibilidade, mas não de competência. O ideal é o trabalho com a união do homem e da mulher. Entrei por acaso na instituição, porém não é por acaso que estou aqui. Meu maior desafio é conscientizar que a polícia sozinha não consegue ter força suficiente para enfrentar a violência. A meta é unir os órgãos públicos e a sociedade e tornar a política federal cada vez mais cidadã.